Muitas empresas proíbem, e algumas chegam até a demitir
Você está na sua mesa do escritório, trabalhando concentrada como faz todos os dias. De repente, o chefe aparece, apresentando um funcionário novo. Mais do que dividir as tarefas do escritório, o tal moço faz você tremer as pernas.
E logo um clima de romance surge no ar, que evolui para um namoro sério. Mas e aí, será que pode namorar o colega de trabalho?
Para o vice-presidente de Relações Trabalhistas e Sindicais da ABRH-Nacional, Carlos Pessoa, não só pode como deve. “O ambiente de trabalho é um local para se conhecer pessoas, é onde se passa a maior parte do dia. É mais fácil, então, se envolver com alguém no trabalho do que em outro circuito. As empresas precisam compreender que os solteiros, hoje, têm dificuldades em encontrar relacionamentos duradouros e a maior chance disso se concretizar é justamente no trabalho, onde passam a maior parte do dia”, avalia.
O problema é que muitas empresas proíbem, de maneira formal ou informal, o namoro entre os empregados. Algumas chegam até a demitir. Mas o fato é que não existe amparo legal para a prática, que se caracterizaria por uma ingerência das empresas na vida dos funcionários.
“Algumas empresas proíbem o namoro e até mesmo a permanência de parentes ou cônjuges no trabalho, mas isso é ilegal. O que as empresas podem fazer é proibir condutas inadequadas no ambiente de trabalho, tanto entre namorados como entre colegas”, explica Carlos.
Ainda segundo ele, a relação afetiva não afeta a produtividade de maneira negativa, podendo até refletir exatamente no inverso. “Uma pesquisa americana revelou que duas pessoas livres e desimpedidas, de uma mesma empresa, quando começam um namoro, ficam mais produtivas e estimuladas para o trabalho. Isso porque eles querem mostrar que o namoro não interfere e também porque querem se exibir para o amado com bons resultados”.
As que insistem na proibição, se preocupam com futuras implicações referentes a assédio moral ou sexual. “Mas não é assédio quando há reciprocidade. Assédio é quando há subordinação hierárquica e mais, quando o assediado não quer o envolvimento. Do contrário, é relação como outra qualquer”, explica.
Carlos qualifica dois tipos de romance no trabalho que podem ter um efeito desagregador. O primeiro é quando há relação de subordinação. “Neste caso, o chefe precisa se esforçar para mostrar que segue imparcial, a despeito da relação”, fala. O outro caso é mais complexo e se trata daquele onde empregado mantém relação com chefe exclusivamente por interesse de carreira.
"Nos dois tipos, acredito que a intervenção direta da empresa apenas joga a relação para a clandestinidade, o que a torna ainda mais perigosa. A melhor opção é não proibir e promover debates e workshops para tratar do tema, evidenciando aspectos positivos e negativos. A conversa, o debate e a transparência são sempre a melhor política”, finaliza.
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