Em meio às críticas à rápida passagem do presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, por Brasília, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva quer destacar amanhã (22) as semelhanças e diferenças entre seu governo e o do iraniano. A principal semelhança, segundo articuladores do governo, é que são dois países que se destacam no cenário internacional e com economias em evolução. Mas a sugestão dos assessores diretos de Lula é para que ele evite o tom de interferência na política interna iraniana, sem se esquivar de mencioná-los. O objetivo é que o presidente mantenha o discurso em defesa dos direitos humanos, das divergências entre ideias políticas e orientações
religiosas. Diplomatas experientes afirmam que Lula saberá conduzir o diálogo com seu habitual humor, lembrando que o Brasil sabe respeitar os valores do povo persa que originou o Irã, um capítulo da história que vem da Antiguidade. No mesmo tom, Lula deve afirmar que, em compensação, os iranianos terão oportunidade de ver entre os brasileiros o convívio harmônio e pacífico entre diferentes povos, religiões e partidos políticos, além da liberdade sexual. Assessores de Lula dizem que o presidente deverá responder com sutileza as afirmações de Ahmadinejad, feitas nos dias que antecederam a visita do iraniano ao Brasil, em que ele nega que o Holocausto tenha ocorrido, ataca o Estado de Israel e ainda condena as pessoas por sua orientação sexual. Em resposta, Lula deverá responder que é necessário manter o respeito às opções feitas pelas outras pessoas. Autoridades iranianas afirmam que Ahmadinejad pretende reiterar seu discurso em defesa da paz do Oriente Médio e do incremento nas relações econômicas e culturais entre os dois países. As questões polêmicas serão evitadas, segundo assessores do iraniano, exceto as críticas às grandes potências e suas consequências. À Agência Brasil, o vice-ministro das Relações Exteriores do Irã, Alireza Salari, afirmou que o objetivo é elevar, com o Brasil, dos atuais US$ 2 bilhões para US$ 15 bilhões o fluxo de comércio com acordos nas áreas de petroquímica, produção de gás, adubos, medicina e energia nuclear. Com uma pauta diversificada de exportações, o Brasil é o oitavo fornecedor do Irã. A lista de
exportações para os iranianos inclui alimentos, carros, minérios e medicamentos. As pequenas importações brasileiras concentram-se em produtos como sal, enxofre, frutas secas, tapetes, peles e combustíveis. Nas reuniões em Brasília, Ahmadinejad deverá fechar acordos referentes a medicamentos para o combate ao câncer e para tratamento de diabetes.
Edição: Lana Cristina
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