Quatro estrangeiros estão em SP após tumulto em voo no início do mês.
Eles tiveram o passaporte retido; em recesso, Justiça só volta em janeiro.
Eles tiveram o passaporte retido; em recesso, Justiça só volta em janeiro.
Ilinskas, Nascimento, Emilie e o cônsul: a turista chora quando faz o apelo (Foto: Carolina Iskandarian/G1)
Os três franceses presos em São Paulo após tumulto em um voo da TAM no início do mês fizeram nesta terça-feira (22) um apelo aos presidentes Nicolas Sarkozy, da França, e Luiz Inácio Lula da Silva para que ainda possam passar o Natal e o ano novo em casa. Eles ficaram cinco dias presos e estão com liberdade provisória e o passaporte retido na Polícia Federal até que a Justiça brasileira se manifeste sobre o caso. “Peço ao presidente Sarkozy e ao presidente Lula que façam o necessário para que a gente possa encontrar nossa família. É o melhor presente de Natal que eu poderia ter”, disse a gerente Emilie Pires Camus, de 54 anos, com lágrimas nos olhos. O aposentado Michel Ilinskas, 61, pediu o mesmo. “Meu neto nasceu no domingo passado. Estou sofrendo”. Emilie, Ilinskas e o português naturalizado francês Antonio do Nascimento, 63, concederam uma entrevista coletiva na Zona Sul da cidade, onde estão hospedados em uma casa para aposentados franceses. Segundo o cônsul-geral da França em São Paulo, Sylvain Itte, o caso só deve ser julgado a partir de 7 de janeiro, quando termina o recesso do judiciário. Segundo ele, o juiz de plantão na Justiça Federal disse no sábado (19) que não teria competência para julgar o caso. Até lá, os três e o marido de Emilie passam o fim de ano na capital paulista. “Queria que as autoridades me liberassem para eu ver meus filhos e netos. Para mim, é uma tristeza enorme. Minha filha vai ter um bebê a qualquer momento”, afirmou Emilie, que mora em Paris.
O caso ocorreu em 6 de dezembro, dentro da aeronave da TAM que faria o voo Guarulhos-Paris, por volta das 23h. A empresa informou que houve um problema técnico e os franceses contaram que esperaram por quase quatro horas. Por causa dessa demora, houve tumulto e irritação entre os passageiros. Apesar disso, Emilie, Nascimento e Ilinskas negaram qualquer agressão física aos comissários de bordo. A Polícia Federal foi chamada e Ilinskas foi o único preso naquela hora. “Eles me algemaram, puxaram pelo braço e me arrastaram pelo chão”, contou o aposentado. A cena foi filmada no Youtube e colocada na internet. Uma imagem postada no Youtube mostra o momento em que o estrangeiro é arrastado pelos agentes para fora da aeronave. Diante da cena, os passageiros gritavam em francês: “Vergonhoso!”. O outro homem e a mulher foram presos pela PF no dia 7, seguinte ao caso, no hotel em que estavam. O cônsul contou que eles foram "indicados" pela tripulação também como causadores da confusão. “Eles disseram que a gente só ia testemunhar”, contou Emilie. Os dois acreditam que foram parar na prisão após terem sido indicados por uma comissária de bordo. Emilie criticou a postura da empresa e disse ser “vítima” na história. “Eles serviram-se de mim para traduzir e disseram que, em vez de fazer a tradução (para informar aos outros sobre o atraso), eu exaltei os passageiros. Ao contrário, pedi que eles se acalmassem”, relatou Emilie. De acordo com os três, só um comissário de bordo falava francês e com pronúncia “ruim”. “Acho que nesses voos internacionais para Paris mais gente tinha que falar francês”, criticou o aposentado Ilanskas. Havia pelo menos 90 franceses dentro do avião. Parte deles, incluindo os quatro retidos aqui em São Paulo, voltava de um cruzeiro que começou na Europa e passou pelo litoral brasileiro.
Na prisão
Os turistas contaram que não foram maltratados na prisão. No entanto, Nascimento disse ter sofrido “humilhação” por parte dos funcionários quando chegou ao Centro de Detenção Provisória de Pinheiros (CDP), na Zona Oeste. “Jogaram nossa roupa no chão.” Mesmo assim, ele riu ao lembrar os cinco dias que passou – foram liberados na sexta (11) – dividindo a cela com peruanos, bolivianos e brasileiros. “Arrumaram cobertor para a gente. Queriam saber por que estávamos ali. Falaram: ‘você é legal, você é dos nossos”, contou ele, com sotaque português. Emilie não teve a mesma impressão. “Foi difícil; sobretudo, por estar presa no Natal, sem sem saber o motivo. É uma injustiça tão grande.” Ela ficou na delegacia do Aeroporto de Guarulhos, na Grande São Paulo, de onde embarcariam para casa. Para piorar a situação, as malas foram despachadas e estão na França. Mesmo com todos os percalços, eles pensam em voltar ao Brasil outras vezes.
Crimes
A assessoria da Polícia Federal informou que a prisão foi em flagrante por atentado à segurança de voo, resistência e desobediência à ação policial. Os policiais dizem que os turistas tentaram invadir a cabine do piloto, o que Itte negou. “A tripulação não deixou. Eles não passaram da classe econômica.”
A assessoria da Polícia Federal informou que a prisão foi em flagrante por atentado à segurança de voo, resistência e desobediência à ação policial. Os policiais dizem que os turistas tentaram invadir a cabine do piloto, o que Itte negou. “A tripulação não deixou. Eles não passaram da classe econômica.”
A TAM informou que ocorreu “um problema técnico” na aeronave, mas que ele foi resolvido e só não houve decolagem porque a torre de controle e a PF pediram para que a tripulação descesse e prestasse esclarecimentos sobre o episódio. Os três franceses só foram liberados após pagamento de R$ 1.400 de fiança (cada um) do dia 11. A TAM acabou cancelando aquele voo.
Carolina Iskandarian
Do G1, em São Paulo
Do G1, em São Paulo
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