Amauri ArraisDo G1, em São Paulo
Capa do livro 'Lula do Brasil - a história real', que será lançado até o final do ano (Foto: Divulgação)
Na esteira do filme “Lula, o filho do Brasil”, cinebiografia do presidente que será lançada oficialmente no dia 1º de janeiro de 2010, uma nova versão sobre a história do metalúrgico que virou presidente deve chegar às livrarias até o final do ano: “Lula do Brasil – A história real, do Nordeste ao Planalto” (Geração Editorial) é a edição brasileira de “Lula of Brazil – a history so far”, do inglês Richard Bourne.
Publicada no ano passado nos Estados Unidos e Inglaterra, o fato de a biografia chegar agora ao mercado brasileiro, às vésperas da campanha eleitoral em que o presidente tentará eleger seu sucessor, não preocupa o autor.
“Meu livro foi escrito com a intenção de ser objetivo, não uma propaganda. Ele dá uma visão da carreira de Lula, assim como da história recente do Brasil, vista por um europeu que trabalha em países em desenvolvimento fora da América Latina. Não é acrítico e descreve alguns erros cometidos por Lula. Mas também destaca suas realizações. A publicação agora não foi pensada em função da campanha presidencial de 2010”, disse Bourne, por e-mail, ao G1.
Pesquisador sênior do Núcleo de Estudos Políticos da Comunidade das Nações na Universidade de Londres e ex-repórter do diário britânico "The Guardian", Richard Bourne disse ter se interessado pela política brasileira e, mais tarde, pela trajetória de Lula, ainda nos anos 60, quando ganhou uma bolsa de estudos do Palácio do Itamaraty.
Lula é carregado durante assembleia de trabalhadores em 1979 (Foto: Divulgação / Arquivo pessoal )
“A trajetória de Lula, do menino pobre de uma família dividida até se tornar presidente, é uma história humana marcante. Em termos políticos, a história é igualmente interessante: do seu papel para ajudar a acabar com a ditadura; para construir um novo partido, o PT; sua batalha para ser presidente mesmo após três derrotas; em usar seu poder como presidente após dois mandatos para melhorar a posição dos brasileiros mais pobres, e de projetar o Brasil no mundo”, cita.
Com um capítulo dedicado ao escândalo do mensalão, a biografia original se encerra na campanha à reeleição em 2006. Segundo o autor, no entanto, a edição brasileira não traz “nenhuma mudança em relação às americana e inglesa”, exceto um “curto prefácio”. De acordo com a editora, o volume de quase 500 páginas será recheado com 96 páginas de fotos, algumas inéditas, da vida do presidente.
“Os livros de Denise Paraná e o filme de Fábio Barreto contam a história emocionante e épica de Lula. O livro de Richard Bourne faz a mesma coisa – mas também a explica”, diz, na contracapa de “Lula do Brasil...”, o editor Luiz Fernando Emediato.
Eleições 2010
Mesmo admitindo que não tem acompanhado o segundo mandato de Lula “tão de perto quanto o primeiro”, Bourne faz suas apostas sobre a eleição em 2010, a primeira sem o petista após 20 anos. Para o inglês, “não há nenhum político brasileiro atual com as mesmas características de Lula”, que, entretanto, “não conseguirá transferir sua grande popularidade à ministra Dilma Rousseff”, sua virtual candidata, nem a qualquer outro sucessor. “Lula está em campanhas políticas desde os anos 1980 e é conhecido no país inteiro. Embora seja possível que quem quer que seja eleito em 2010 consiga construir uma popularidade considerável, não haverá outro Lula”, afirma.
A editora também tenta agendar um encontro entre o biógrafo e o presidente, em janeiro. “Gostaria de perguntar o que ele acha que foi sua realização mais significativa e sua maior decepção como presidente. Também queria saber quais são seus planos depois que deixar a Presidência”, diz o inglês.Questionado se acredita que o presidente, como vem repetindo, deve se manter distante da política, Richard Bourne diz que Lula não lhe parece “do tipo que se aposenta”, mas também não acredita nas especulações de que assumiria o comando do Banco Mundial.
“Meu instinto é de que ele vai preferir ficar no Brasil, ainda que continuando suas viagens internacionais. Como vai se comportar após as eleições, vai depender de quem ganhar, e acho que terá dificuldade em não intervir mesmo que não seja o candidato do governo o eleito”, diz Bourne. “Acho que ele continuará a ser a figura de maior influência política do Brasil enquanto estiver vivo.”
Postar um comentário
Obrigado pela participação.