O crescimento econômico é tema habitual de meios jornalísticos e terreiros políticos.
A informação de que o Produto Interno Bruto (PIB) de um país aumenta comemora-se como um dogma de sucesso internacional. Descortina-se, porém, o véu e aparecem os grupos limitados e poderosos que se beneficiam da população exangue.
Não se deve confundir crescimento econômico com distribuição da riqueza. Os dois critérios de avaliação são independentes e o primeiro frequentemente anula o fiasco do segundo.
A contenda comercial entre EUA e Brasil sobre o subsídio daquele país a seus produtores de algodão tem rendido uma postura laxa deste. A Organização Mundial de Comércio (OMC) autorizou que o Brasil retaliasse com o aumento de impostos sobre os produtos euânus de modo a compensar a perda.
No sentido contrário ao bom senso, o Brasil acaba de protelar mais dois meses o início da retaliação com o argumento de que EUA tem participado das negociações apesar da inflexibilidade para baixar os subsídios. É previsível que as perdas recaiam sobre o lado tupinica e tudo se normalize brevemente como se nada tivesse acontecido.
A presidente argentina, por sua vez, agarra oportunidades de defender seu país a unhas e dentes. Cristina Fernández pleiteia a renegociação ao derredor da pretensão de posse das ilhas Malvinas e levou à Corte Internacional de Justiça de Haia o pleito da instalação de uma usina de papel pelo Uruguai na margem de um rio fronteiriço.
O mandatário boliviano, em seu turno, estabelece acordos de aparelhamento militar com a Rússia, enquanto se discute se a reconstrução do Chile após os terremotos se fará ou não com base na "mudança" que Sebastián Piñera prometeu nas eleições presidenciais.
Apesar da prepotência dos poderosos onde quer que se manifestem, os grupos mais fracos e despossuídos alçam a voz em protesto e resistência. A opressão perde a naturalidade. O povo reconhece que a ignorância que se lhe impõem traz malefícios e não comodismos.
A névoa de cinzas que recobriu a Europa pela erupção de um vulcão na Islândia provocou perdas milionárias nalgumas economias. Fazem-nos crer que o prejuízo dos donos de aerolinhas foi maior que a impotência dos viajantes que tiveram que esperar dias para o embarque, muitos dos quais sem reserva de dinheiro.
O cinzeiro vulcânico na Europa aparentemente causou danos ao continente rico, enquanto a lava dos problemas sociais basilares não cessa na América Latina. As sociedades escandinavas são tão organizadas que o suicídio é um dos temas que mais lhes preocupam.
Comemoram-se os cinquenta anos de construção da opulenta capital brasileira, Brasília. Os "candangos" migraram pela necessidade de prosperar e ânsia de prosseguir na construção do ainda sonhado Brasil. Mãos calejadas que são cúmplices de um país merecedor e progressista.
Por que atribuímos aos outros responsabilidades que são, ainda que parcialmente, nossas? Se o poder corrompe, encanta e ludibria os despreparados, por que confiamos aos poderosos funções que nos cabem, como a da construção da democracia?
Questionam-se autoridades, como a obstinação justa do Irã de desenvolver seu programa nuclear para fins pacíficos e a ascensão da China como concorrente direto das potências ocidentais no que é a condução ao pé da letra de um padrão de desenvolvimento econômico.
A indústria da China explora internamente a mão-de-obra barata e a flexibilização trabalhista, enquanto os euânus poderosos abusam da divisão internacional do trabalho para instalar fábricas em Bangladesh, Índia, Tailândia, Vietnã e México.
EUA privatiza os lucros em nome de um modelo capitalista desumano e relega a desgraça a países "terceiro-mundistas e atrasados". A explotação é tão eficaz que ainda conseguem atrair turistas encantados aos castelos da Disney World. Prevalece o domínio cultural.
Finda o culto aos poderosos impiedosos e incautos.
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