Danimar da Silva, no jardim interno da Assembleia Legislativa, onde trabalha: posse da suplente de Flávio Arns será apenas um mês antes da de Gleisi Hoffmann. Priscila Forone/ Gazeta do Povo |
Assessora parlamentar vai assumir por um mês a vaga no Senado que hoje é de Flávio Arns. Ele terá de renunciar para tomar posse como vice-governador do Paraná
No ano que vem, pela primeira vez na história uma mulher vai ocupar o cargo de senadora pelo Paraná. Mas não será Gleisi Hoffmann (PT), eleita com mais de 3 milhões de votos. A primeira representante do sexo feminino que se sentará em uma das três cadeiras paranaenses no Senado Federal não recebeu nem um voto sequer. Ela se chama Danimar Cristina Pereira da Silva e é assessora parlamentar na Assembleia Legislativa do Paraná.
Filiada ao Partido da República (PR), Danimar irá assumir a vaga do senador Flávio Arns (PSDB), de quem é a primeira suplente. Arns terá de renunciar ao cargo para assumir como vice-governador do Paraná em 1.º de janeiro. Como a posse dos novos congressistas eleitos neste ano (incluindo Gleisi) só ocorre um mês depois, em 1.º de fevereiro, Danimar será a mulher pioneira do estado no Senado. Mas vai cumprir um mandato de apenas um mês, pois Arns teria mesmo de deixar o Senado nessa data, após oito anos de mandato. E o único mês de Danimar na Casa será de recesso parlamentar.
O curto período no Congresso não será a primeira experiência de Danimar no Legislativo. Ela já foi vereadora de São José dos Pinhais, na Grande Curitiba, entre 2001 e 2005. Foi eleita com apenas 872 votos. Em 2004, concorreu à reeleição. Mas, mesmo fazendo uma votação maior, não conseguiu se eleger.
Foi durante o período como vereadora que Danimar recebeu a indicação para a vaga suplente de Arns. Na época, o senador ainda era filiado ao PT. Ela foi escolhida para acomodar o extinto Partido Liberal, aliado dos petistas, na composição da chapa.
Bênção
“Por um lado, [virar senadora] é uma bênção na minha vida. Por outro, é uma pena, pois é só um mês”, diz Danimar. “Mas eu vou aproveitar o tempo para continuar o meu trabalho voltado aos menos favorecidos, às pessoas desamparadas.”
A futura senadora conta que jamais imaginou que pudesse vir a assumir a vaga. “É uma experiência única para mim. Nada é por acaso, graças a Deus. Agora minha preocupação será com o meu trabalho.”
Apesar de assumir a cadeira de Flávio Arns, que faz oposição ao governo do PT, Danimar garante que não vai se opor à presidente eleita Dilma Rousseff no Senado. Até mesmo porque janeiro é mês de recesso no Senado e não há votação de projetos. Mas, apesar das férias parlamentares, ela assegura que irá a Brasília. “Vou trabalhar”, garante.
A quase senadora afirma ainda que o status do cargo não vai lhe subir à cabeça nem modificar sua rotina. “Não vou mudar nada. Quanto mais responsabilidade a gente tem, mais servo a gente é. Sou uma representante do povo”, garante.
Sobre os privilégios e vencimentos dos senadores, ela afirma que ainda nem teve tempo de pensar nisso. E garante que vai receber “o que for de direito”. No Senado, Danimar receberá, ainda que por um mês, salário e verbas parlamentares.
Um senador ganha atualmente R$ 16,5 mil por mês, mais o direito à verba indenizatória de R$ 15 mil mensais. Além disso, um senador tem à sua disposição o auxílio-moradia no valor de R$ 3,8 mil reais mensais, um carro com motorista e 25 litros de gasolina por dia. Somam-se a esses vencimentos mais de R$ 10 mil em cotas postais e gráficas e quatro passagens de ida e volta por mês para seus estados de origem.
Currículo
Danimar é mineira, nascida na cidade de Água Boa, na região do Vale do Rio Doce. Ela conta que veio “ainda menina” para o Paraná, trazida pelo pai agricultor para residir no município de Fênix, no Centro-Oeste do estado. Depois, morou em Engenheiro Beltrão, Curitiba e, finalmente, São José dos Pinhais, onde vive há 27 anos.
Aos 50 anos, a futura senadora é divorciada e tem dois filhos. Contabilista aposentada, trabalhou durante 15 anos na Secretaria de Cultura de São José dos Pinhais. Atualmente, é assessora do deputado estadual Pastor Edson Praczyk (PRB- PR) – com quem trabalha desde 2000, depois de conhecê-lo nos cultos da Igreja Universal do Reino de Deus. “Tenho mais de 30 anos de atuação política nos bairros carentes de Curitiba e região metropolitana”, afirma.
Em 2005, entrou na faculdade de Direito. Mas teve que trancar o curso no terceiro ano. “Tive uma anemia – coisa de mulher. E precisei parar para me tratar”, disse. Ela garante, porém, que depois da experiência no Senado, vai voltar às aulas. “Meu estudo está voltado para me especializar na questão social, na defesa dos mais pobres.”
Mulheres no Senado
Na próxima legislatura do Senado, oito mulheres vão ocupar cadeiras na Casa, que tem 81 vagas. Na corrida por uma vaga ao Senado, a paranaense Gleisi Hoffman (PT) foi a única a encabeçar a lista dos mais votados.
Também se elegeram as senadoras Lúcia Vânia (PSDB-GO), Ana Amélia Lemos, (PT-RS), Marta Suplicy (PT-SP), Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), Fátima Cleide (PT -RO), Ângela Portela (PT-RR) e Lídice da Mata (PSB-BA). Na eleição anterior, em 2006, quatro senadoras foram eleitas. Mas as vagas em disputa eram apenas 27 vagas. Em 2010, foram 54 cadeiras em jogo.
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