Valter Orsi |
Nos últimos anos temos percebido que o governo brasileiro trata o dinheiro público de forma, digamos, despreocupada. A arrecadação de impostos bate recordes de mais recordes todos os meses. Mas, na opinião dos governantes de plantão, este dinheiro – mais de R$ 1 trilhão até o mês passado - nunca é suficiente para resolver os problemas mais graves do país como o precário Sistema de Saúde, a educação que passa longe da qualidade necessária, da infra-estrutura que atrapalha o desenvolvimento.
Por outro lado o governo nunca discute seriamente o enxugamento da máquina administrativa. O dinheiro arrecadado escoa por diversos ralos da máquina pública sem que perceba uma ação mais efetiva para estancar este processo. É por isto que a discussão da volta da CPMF irrita tanto. A contribuição, que de contribuição não tinha nada, durou mais de 10 anos. Começou com o discurso de que era para resolver de vez os problemas da saúde. Não só não resolveu como vemos que, em alguns casos, até piorou. Mas não é só, boa parte do dinheiro passou a ser usado para tapar buracos provocados pela má gestão. E, para quem não se lembra, em 2007, quando finalmente este imposto infame foi derrubado pelo Senado, o ministro da Fazenda Guido Mantega aumentou o porcentual cobrado no Imposto sobre Operações Financeiras e não houve queda de arrecadação, ao contrário, na época o próprio Mantega anunciou que houve aumento.
É por isso que quando a presidenta eleita, Dilma Rousseff, pouco sutilmente, colocou em pauta a volta da CPMF, provocou tanta revolta no meio empresarial. Primeiro porque durante toda a campanha e com mais evidência nos debates televisivos ela se comprometeu a promover a Reforma Tributária e baixar os impostos. É lamentável, mas a única conclusão possível é que o palanque se tornou um palco de mentiras para enganar o eleitor e se eleger, sem respeito pelos compromissos assumidos.
O fato é que ninguém agüenta mais pagar tantos impostos. Cada centavo que o governo cobra a mais do contribuinte, é dinheiro que deixa de circular no mercado. É dinheiro que deixa de ser investido em tecnologia, novos processos produtivos, capacitação profissional, melhora da mão de obra. Traduzindo, estamos deixando de ser competitivos. E quando isto acontece, os produtos deixam de ser fabricados aqui para gerarem mão de obra em países onde o governo não estrangula tanto os empresários. A conseqüência direta é que, além da perda de postos de trabalho no Brasil, a nossa economia dá sinais evidentes de desindustrialização. Muitas indústrias brasileiras que não estão mais conseguindo competir no mercado estão comprando produtos já prontos e apenas colocando sua marca para então revendê-los. Isso vai provocar uma defasagem enorme nos parques industriais instalados o que demandará muito tempo para ser reestruturado no futuro.
É por isso que o Sindimetal de Londrina e várias outras entidades empresariais estão arregaçando as mangas para impedir que o governo crie mais um imposto. Não dá mais para agüentar. O governo precisa reduzir seus custos e não aumentar os nossos.
Valter Orsi
Presidente do SINDIMETAL Londrina
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