Cotidiano na Faixa de Gaza é estar atento a até 20 sirenes
por dia, dizem brasileiros
Renata Giraldi
Agência Brasil
Agência Brasil
Palestina
chora em funeral do irmão Audi Naser, 10 anos,
em
Beit Hanun, no Norte da Faixa de Gaza.
O
garoto foi morto durante ataque aéreo israelense
Foto:
ALI ALI/Lusa/ABr
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Nos
últimos dias, os brasileiros que moram em áreas próximas à Faixa de Gaza vivem
um cotidiano atípico: enfrentam de dez a 20 sirenes por dia que os obrigam a
buscar os abrigos antiaéreos. As crianças deixaram de ir à escola e as saídas
para restaurantes, bares e cafés estão suspensas. No total, há aproximadamente
mil brasileiros morando em áreas próximas aos locais onde ocorrem os conflitos.
Muitas famílias se mudaram provisoriamente para o Norte de Israel, onde as
ameaças são menores.
Em
Israel, há 15 anos a legislação determina que todos os imóveis do país
mantenham um local denominado quarto de segurança, que é um abrigo antiaéreo. O
local deve ser usado pelas pessoas para que possam permanecer por horas, se
necessário, em caso de ataques. Funcionários do governo vistoriam o local e
verificam se as condições obedecem ao que é definido em lei. No entanto,
antigas construções ainda não se adequaram à lei.
Natan
Berkovitz, que mora há 30 anos em Israel, há sete anos perdeu a filha, de 22
anos, em um bombardeio. “Ela estava se preparando para casar”, contou ele,
acrescentando que vários que moram em sua região têm histórias semelhantes. “O
nosso dia a dia é tentar sobreviver”, disse Berkovitz. “Estamos sempre em
alerta para ouvir e correr quando tocam dez ou até 20 sirenes por dia.”
Gaza
- Palestinos tentam apagar um incêndio em
uma
agência do Banco Nacional Islâmico, após um
ataque
aéreo de Israel, na cidade de Gaza .
Foto:
Xinhua / Yasser Qudin / Télam
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Para
Berkovitz, o governo do Brasil deve atuar como mediador nos conflitos.,
Berkovitz condenou quem busca culpados entre israelenses e palestinos. Para
ele, ambos são vítimas do que classificou como “incompetência” dos governos –
de Israel e da Palestina.
“Em
uma guerra assim, todos são inocentes. Isso não quer dizer que nós somos os
bons e eles os maus. Somos todos vítimas. A história está se repetindo por
incompetência dos políticos que não conseguem negociar a paz”, disse Berkovitz.
“É o momento de o Brasil cooperar, aproveitando o respeito que tem de ambos os
lados, pois é extremamente respeitado e aceito, vantagens que nem os europeus
nem os norte-americanos têm.”
Mark
Levy, que vive há 41 anos em um kibutz (residência coletiva), em uma região a 4
quilômetros das áreas de confronto, contou que bombardeios aumentam quando há
um possível acordo para o cessar-fogo. “É sempre assim: quando está próximo um
cessar-fogo, aumentam os tiros, é impressionante”, ressaltou.
Levy
acrescentou que um novo sistema, utilizado pelos militares de Israel,
denominado chapéu de ferro, tecnologia de ponta que inibe a ação dos mísseis
lançados, gera mais momentos de tranquilidade para quem mora nas regiões de
conflito. “Essa nova tecnologia tem mostrado ser bastante eficiente e
importante neste momento”, disse ele.
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