Marcia Carmo
De Buenos Aires BBC Brasil
Produtores e importadores de vinho argentino estão
apostando na Classe C
brasileira para crescer
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De
olho na expansão dos gastos da chamada classe C, produtores e importadores de
vinho argentino vêm intensificando as campanhas de incentivo ao consumo da
bebida junto à essa camada da população no Brasil.
Recentemente,
o governo da Província de Mendoza assinou acordo com 12 operadoras de turismo
do Brasil para promover a região repleta de vinícolas e paisagens nevadas.
O
secretário de Turismo de Mendoza, Javier Espina, contou à BBC Brasil que a
campanha promocional inclui shoppings, restaurantes e aeroportos brasileiros.
"Hoje,
recebemos turistas brasileiros que se hospedam principalmente nos hotéis de
quatro e cinco estrelas e buscam passeios nas vinícolas e para esquiar na
estação de Las Leñas. Com o avanço da economia brasileira, temos a oportunidade
de atrair mais turistas deste segmento e também a classe que ascendeu
economicamente no país", afirmou.
Segundo
ele, no ano passado cerca de 80 mil turistas brasileiros visitaram a região.
"Sabemos
que agora temos uma enorme oportunidade de atrair um perfil mais amplo desses
viajantes. Os brasileiros que chegam à Argentina buscam geralmente Buenos Aires
e neve (na Patagônia). Mendoza tem neve perto da cidade e pode interessar a
esses novos turistas brasileiros", acrescentou.
Mais
lojas
A medida em que as pessoas sobem de patamar de
renda, passam a tomar mais vinho"
Juan José Canay, presidente da Bodegas de Argentin
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O
crescimento da classe média brasileira também propiciou a expansão de lojas
especializadas em vinhos da Argentina, antes limitadas ao Rio e a São Paulo,
para outras regiões do Brasil.
A
empresa argentina Grand Cru foi uma delas. Nos últimos dez anos, a companhia
abriu estabelecimentos comerciais em Estados do Norte e do Nordeste brasileiro,
como Piauí, Maranhão, Ceará e Bahia.
Um
dos representantes da empresa disse que o Brasil é hoje seu maior mercado, o
que seria “difícil de pensar” décadas atrás.
Segundo
Juan José Canay, presidente da entidade Bodegas de Argentina, câmara que reúne
260 produtoras de vinhos, o consumo da bebida está ligado, entre outros
fatores, à mudança social.
"Na
medida em que as pessoas sobem de patamar de renda, passam a tomar mais
vinho", disse Canay.
"O
vinho passou a fazer parte da mesa brasileira e observamos esta presença com os
copos para a bebida nos restaurantes do Rio de Janeiro e de São Paulo, por
exemplo. O que antes não havia", acrescentou.
Canay
explica que, em 2009, o Brasil passou a Inglaterra e ocupa desde então o
terceiro lugar entre os maiores destinos das exportações argentinas de vinho,
logo depois dos Estados Unidos e do Canadá.
"Entendo
que o maior consumo está ligado ao surgimento da classe C e igualmente ao
aumento da renda per capita no Brasil", disse.
Qualidade
Vinícolas passaram a fazer parte do roteiro
de brasileiros na Argentina
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Ele
ressaltou que, simultaneamente, "a cada ano" os brasileiros estão
comprando vinhos de "melhor qualidade" e "mais caros", num
sinal de que vêm apreciando a bebida.
"No
ano passado, nossas exportações de vinhos para o mercado brasileiro aumentaram
1% (na comparação com 2010). Mas em termos de valores (da garrafa) este aumento
foi de 18%", afirmou.
Em
2011, as exportações argentinas de vinho para o Brasil somaram US$ 63 milhões
(R$ 126 milhões) ou 2 milhões de caixas de vinhos. "Mas está claro que com
o crescimento da economia brasileira e com a inclusão de novos consumidores, as
vendas tendem a aumentar e estamos atentos a este movimento", afirmou.
Canay
disse que atualmente as exportações estão sendo feitas em menor ritmo devido às
barreiras burocráticas (chamadas licenças não automáticas) que atrasam o
desembarque das mercadorias argentinas.
O
vinho argentino representa 25% do mercado brasileiro. Já o chileno responde por
36% deste mercado, mas, de acordo com a assessoria de imprensa da entidade
‘Vinos de Chile’ (Vinhos do Chile) até o momento o setor exporta principalmente
vinhos com preços de médio a alto e não existem dados sobre iniciativas
especificas para os novos consumidores brasileiros.
Disputa
No
Brasil, uma disputa entre produtores de vinho e donos de restaurante gerou um
impasse em outubro. Produtores locais haviam pedido salvaguardas aos vinhos
nacionais como uma maneira de promovê-los, o que gerou protestos de varejistas,
importadores e proprietários de restaurantes.
Após
muitas discussões, houve um acordo pelo qual os supermercados se comprometeram
a dar maior espaço em suas prateleiras aos vinhos nacionais. Já as importadoras
prometeram aumentar a quantidade de vinhos brasileiros em seus catálogos.
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