Fernando Di Lascio
Fernando Di Lascio |
É tanto absurdo e tanta desinformação que a
gente vê por aí nos jornais, na televisão e nas redes sociais que eu resolvi
tentar trazer para os meus amigos da forma mais isenta possível um mapa de como
eu vejo a política brasileira da atualidade destacando alguns paradigmas muito
importantes.
Primeiro, considero que o objetivo de todo político é conquistar o que se conhece como “Poder”. Mas que Poder é esse?
Para mim, esse Poder é o poder de decidir o que se vai fazer com toda a mufunfa arrecadada em impostos porque todos sabem que não dá para fazer nada sem dinheiro.
E como no Brasil o regime é presidencialista,
o Poder maior aqui está na Presidência da República que além de ter a chave do
cofre com os trilhões de reais arrecadados em impostos, ainda tem em suas mãos
mais de 30.000 cargos, salários e muitos benefícios. E bota benefícios nisso
porque o todo o desenvolvimento dos Estados e Municípios depende, diretamente,
das decisões da cúpula federal.
Porém, muito embora nos regimes presidencialistas quem apareça na mídia como dono do Poder seja o presidente, ou Presidenta como hoje no nosso caso, na verdade o Poder é sempre exercido em consonância com os interesses e determinações de um grupo que conduziu seu candidato à vitória e uma vez no cargo é sua principal fonte de sustentação. Um presidente jamais deve se afastar desse grupo sob pena de lhe puxarem o tapete, como aconteceu com o Collor, o Jânio, o Jango e outros.
Portanto, na prática, todo ser político busca obter uma fatia maior ou menor desse poder, seja através de uma participação direta em algum cargo eletivo ou posto administrativo, seja pela influência que possa exercer sobre os representantes eleitos. Por essa razão as forças políticas municipais são sempre amparadas nos governos de Estado e as bases estaduais, deputados, senadores e governadores, são aqueles que seguram no chão o volátil tapete sobre o qual se assentam os presidentes e seus respectivos grupos.
Assim, o 1º paradigma desse raciocínio é:
“Quem tem o Poder quer mantê-lo e quem não tem quer conquista-lo.”
Isto é da natureza humana e a história demonstra que na luta pelo Poder muitas vezes se extravasa os limites da ética e da legalidade, disseminando-se mentiras, cometendo-se traições, fraudes e até assassinatos.
E quem acha que está fora desse jogo, está enganado. No mínimo já é considerado cacife no bolso de algum político e também é número na estatística e massa de manobra para marqueteiros eleitorais encarregados de capitanear a chamada “guerra de informações”.
Há uma máxima conhecida entre os jogadores de baralho que poderia muito bem ser aplicada à política, que diz o seguinte: Se você está numa mesa de pôquer e não sabe quem é o otário, provavelmente o otário é você.
O 2º paradigma deste raciocínio é que nós já estamos vivendo no Brasil a grande disputa pela agasalhadora cadeira presidencial.
Isto posto, resta identificarmos quais grupos saíram na frente dessa corrida eleitoral e isto não é tarefa complicada porque o resultado das duas últimas eleições apontam, novamente, para uma disputa direta entre PT e PSDB em 2014. Pelo menos por enquanto, os outros Partidos são meros grupos adjuvantes tentando fazer crescer os seus cacifes para quando chegar a sua vez de aposta-los.
Portanto, nesse campo de batalha temos como principais antagonistas, de um lado, a turma que lidera o PT na atualidade, que todos sabem quem são porque estão sobre forte bombardeio em função do julgamento do mensalão e outros escândalos.
Do outro, está a turma do PSDB cujos cartolas, também, todos sabem quem são porque se sustentarem por dez anos na presidência recentemente e agora estão sendo acusados pelos escândalos da Privataria Tucana e do Mensalão do PSDB, muito embora estes casos ainda tenham sido julgados e ninguém sabe se, ou quando serão.
Mas uma coisa é certa, para o
Supremo fazer verdadeira justiça e mostrar que não tem lado nessa disputa,
deverá julgar esses casos e trazer as condenações na TV em 2014, uma semana
antes das Eleições como fez agora com o julgamento do mensalão do PT. E para
que as coisas sejam postas de bem transparente, quem sabe damos a sorte de ter
novamente o Joaquim Barbosa como relator.
Portanto, deixando de lado a discussão de que turma abrigaria mais ou menos ladrões, mais ou menos homens e mulheres éticos e de moral ilibada, temos que os principais líderes de cada grupo nesta disputa são, novamente, o Lula e o FHC, um lutando para manter a seu grupo no Poder e o outro lutando para tirar os que estão lá, e ocupar a vaga.
Como sempre, ganhará este jogo o time que conseguir convencer o maior número de pessoas ingênuas, de que o seu candidato é o melhor, o mais honesto, o mais digno e mais competente. Isto porque é muito pequena a quantidade de pessoas que têm uma visão ao menos razoável da realidade da atividade política no Brasil, preferindo a grande maioria, até onde se pode observar, acreditar que são todos um bando de larápios e sem vergonhas.
Muitas dessas pessoas ingênuas, e algumas nem tanto, já estão mesmo se digladiando com ódio quase mortal para provar que a turma do Lula é pior que a turma do FHC e vice e versa, enquanto eles, Lula e FHC, por trás das cortinas são os grandes amigos de sempre. Quando se encontram se abraçam como irmãos, riem do todos os seus soldadinhos inocentes, trocam figurinhas, um liga para o outro quando fica doente e sabe-se lá mais o que…
Portanto, temos aí os antagonistas e as suas ambições estão postas de forma clara. Um grupo quer manter e o outro quer reconquistar o Poder e temos, também, que esta grande batalha já está sendo travada no campo da manipulação da opinião pública através de uma deflagrada “guerra de informações”.
Por esse prisma fica fácil compreender que tudo o que chega até o público – e não importa se é notícia verdadeira ou fabricada, parcial ou totalmente destorcida – é parte dessa guerra de informações, onde tudo o que é posto em detrimento do grupo de Lula, favorece o grupo do FHC e vice versa.
A missão desses grupos políticos e de seus “amigos”, nesse momento, é convencer o maior número possível de eleitores ingênuos, que são a maioria absoluta dos eleitores brasileiros, propositadamente mantidos nessa condição com a mais absoluta falta de educação cívica, ética e política nas escolas e universidades.
Finalmente, é preciso atentar para o fato de que só quem pode ajudar os políticos a convencer as massas são as redes de televisão e os grandes noticiosos que hoje são dirigidos por pessoas que sabem muito bem como mexer e remexer com a opinião publica e o fazem com precisão científica e extrema maestria.
Então a pergunta final é: Quando uma dessas redes de televisão ou noticiosos, promove um ataque expresso ou subliminar a um só lado nesta contenda, o proprietário dessa empresa de comunicação estaria exercendo sua obrigação cívica de salvaguardar os interesses do povo brasileiro com informação isenta, ou apenas estaria tentando fazer crescer o cacife do grupo de políticos que mais alavancam os seus negócios?
Considerando que todos nessa disputa têm rabos de palha e telhados de vidro, a resposta, para mim, é obvia.
Por isso, concluo: Uma coisa é liberdade de manifestação para notícias sobre política, outra coisa, completamente diferente, é a liberdade para manipulação do povo pela propaganda política, escondida atrás da notícia.
Fica esperto!
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