Estado de saúde de
Nelson Mandela
vem causando
comoção na África do Sul
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Mais uma vez o
estado de saúde do presidente Nelson Mandela levou os sul-africanos para frente
dos televisores e sites de notícias.
"Estamos
torcendo para que ele melhore depressa. E viva mais 94 anos", disse Tony
Pnaidu, vendedor de rua de 62 anos.
"É uma notícia
muito triste que ele tenha sido hospitalizado de novo, mas estamos esperançosos
de que superará mais essa", afirmou Ashley Bennet, de 20 anos.
Mandela foi
internado em um hospital em Pretória pouco antes da meia-noite de quarta-feira
com infeccção pulmonar.
Foi a segunda vez
que ele teve de ser hospitalizado em menos de seis meses. Em dezembro, ficou 18
dias no hospital com o mesmo problema.
Em entrevista ao
repórter Lerato Mbele, da BBC, o presidente sul-africano Jacob Zuma pediu para
a população do país "evitar o pânico".
"As pessoas
precisam reduzir sua ansiedade", disse.
"Todos
queremos que Madiba (como Mandela é chamado na África do Sul) esteja conosco
por um longo período."
Segundo um
comunicado da Presidência divulgado na tarde dessa quinta-feira, Mandela
estaria "respondendo positivamente" ao tratamento.
Zuma disse estar em
contato com os médicos e pretender visitar Mandela no hospital "logo que
possível”.
Unanimidade
"Libertador",
"pai da pátria", "um grande homem". Quando o assunto é
Nelson Mandela parece haver consenso entre os sul-africanos.
"Ele é um
conciliador, que soube construir uma nação perdoando erros do passado e unindo
as pessoas", disse Jennifer Reynolds, de 44 anos.
“Sabemos que não
está mais em idade de governar, mas para mim ele representa esperança - a
esperança de que encontremos líderes mais conciliadores e visionários
novamente, porque há alguns anos tudo que temos é corrupção”. '
"É uma figura
que todos admiram, não importa de que comunidade você seja", afirmou a
estudante Nontobeko Sipinya, de 25 anos.
Líder da luta
contra o regime segregacionista do apartheid, Mandela, chegou a ficar 27 anos
preso, 18 deles na famosa prisão de Robben Island – onde contraiu uma
tuberculose que lhe deixou para sempre com problemas no pulmão.
'Estamos torcendo
para que ele
melhore depressa',
diz Tony Pnaidu
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Ele governou a
África do Sul de 1994 a 1998. Foi o primeiro presidente eleito em uma votação
multiracial e, uma vez no poder, introduziu uma série de leis sociais e
derrubou estruturas e leis que sustentavam a segregação.
Além disso, longe
de assumir uma postura revanchista, mesmo depois de tantos anos preso, Mandela
perdoou seus inimigos e procurou unir brancos e negros para formar "uma só
África do Sul".
Thomas Mkhize, de
43 anos, ainda se lembra de quando não podia por os pés na praia que frequenta
hoje, em Durban.
"Logo ali na
frente, onde passa o Rio Ungeni, era o limite da praia dos brancos. Onde
estamos eu não podia entrar, sob o risco de ser detido - e Mandela contribuiu
muito para que eu pudesse estar aqui agora", disse.
“Se não fosse ele,
possivelmente não estaria hoje com meu namorado, que é negro’, diz Ashley
Bennet, de 20 anos”. "Conhecemos-nos na escola, mas na época em que minha
mãe era estudante todos os seus colegas eram brancos."
O consenso termina,
porém, quando o assunto são os sucessores do ex-presidente. Tanto Thabo Mbeki,
que governou o país de 1999 a 2008, quanto Jacob Zuma, que assumiu depois
disso, são do CNA de Mandela.
"Eles deturparam
o legado político de Mandela com corrupção e ineficiência", disse Pnaidu.
"Mandela lutou
toda sua vida pelo fim da violência racial, mas seus sucessores deixaram que a
violência urbana se alastrasse e transformasse a África do Sul em outro campo
de guerra", afirma Tomás Mkhize, de 43 anos.
Ruth Costas
Enviada especial da
BBC Brasil a Durban (África do Sul)
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