Segurança foi reforçada devido ao temor de um atentado, após o massacre de ParisBento XVI esteve presente na cerimônia de abertura da Porta Santa
PABLO
ORDAZ /ROMA / EL PAÍS
Papa na inauguração do Jubileu. / E. FERRARI (EFE) | REUTERS-LIVE! |
Pouco
antes de abrir a Porta Santa na basílica de São Pedro, o papa Francisco
pronunciou uma frase que resume a essência de seu pontificado e a razão da
convocação do Ano Santo da Misericórdia, que irá durar até 20 de novembro de
2016. “Quanta ofensa é feita a Deus”, alertou Jorge Mario Bergoglio, “quando se
diz sobretudo que os pecados são castigados por seu julgamento, ao invés de
afirmar que antes disso são perdoados por sua misericórdia. Devemos colocar a
misericórdia à frente do castigo”. A inauguração do Jubileu, realizada nesta
terça-feira, foi marcada pela maior mobilização de segurança já feita até hoje,
colocada ao redor do Vaticano para afastar o perigo de um possível atentado
terrorista. O papa emérito Bento XVI também esteve presente na cerimônia de
abertura da Porta Santa.
O
emprego da segurança, que já havia sido perceptível principalmente em Roma e
Milão após os atentados terroristas de novembro em Paris, ganhou o reforço de
mais 5.000 agentes, entre policiais e membros do Exército que, com armamento
pesado, vigiam as principais Embaixadas, basílicas e sedes governamentais. Foi
decretada uma zona de exclusão aérea e os milhares de fiéis que, desde antes do
amanhecer, se dirigiram ao Vaticano para assistir à missa de inauguração do
Jubileu precisaram passar por corredores de segurança e submeter-se a
exaustivos registros. “Abandonemos toda a forma de medo e temor”, disse o Papa
durante a homília, “porque não é próprio de quem é amado; vivamos, antes, a
alegria do encontro com a graça”. O Papa diz que “a própria Igreja às vezes
segue uma linha dura e cai na tentação de frisar unicamente normas morais”.
O
Jubileu, que vem de uma antiga tradição judaica, costuma ser realizado a cada
25 anos e pode ser comum ou extraordinário. Começa com a abertura da Porta
Santa da basílica de São Pedro – uma porta de bronze que só é aberta durante o
Jubileu – e, sucessivamente, com a abertura das portas santas das quatro
maiores basílicas de Roma: São João de Latrão, São Paulo Extramuros e Santa
Maria Maior. No atual Jubileu, além disso, o papa Francisco estabeleceu “portas
santas da misericórdia” nas catedrais e santuários de todas as dioceses do
mundo, para que os fiéis possam ganhar a “indulgência” – um conceito que na
doutrina católica absolve as penas de caráter temporal – sem a necessidade de
ir até Roma.
Por
ser realizada no mesmo dia da Imaculada Conceição de Nossa Senhora, a ocasião
irá se prolongar com a tradicional visita do Papa ao monumento da praça da
Espanha e, na sequência, com a exibição de fotografias sobre a fachada da
basílica de São Pedro. São imagens de fotógrafos famosos que pretendem recriar
os conceitos de misericórdia, humanidade, natureza e mudança climática.
Bergoglio também relembrou que o início do Jubileu coincide com o quinquagésimo
aniversário do encerramento do Concílio Vaticano II: “Hoje cruzando a Porta
Santa queremos também lembrar outra porta que, há 50 anos, os padres do
Concílio Vaticano II abriram ao mundo”.