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Home Cultura 9 lições que ‘Spotlight’ te ensina sobre o jornalismo

9 lições que ‘Spotlight’ te ensina sobre o jornalismo

JBPress janeiro 24, 2016 0

Agradeça a essa gente mal vestida e monotemática por se obcecar com um tema

Ruffalo com o repórter Mike Rezendes, que ele interpreta em 'Spotlight' Jonathan Short AP
FLÁVIA MARREIRO
EL PAÍS
Não chega a ser uma heresia usar o formato consagrado pelo BuzzFeed, o símbolo do reino da Internet, para falar sobre Spotlight, o indicado ao Oscar de melhor filme em 2016 que já que nasce clássico do jornalismo. O filme é toda uma homenagem às redações de jornal, esses lugares românticos e duros e tão deliciosamente século 20, mas traz também lições perenes para jornalistas de todas as épocas e  para os milhões de ombudsmen da imprensa nas redes sociais. CONTÉM SPOILERS.

1 - É o sistema, estúpido
Chega ao Boston Globe Marty Baron (Liev Schreiber), um diretor de fora com fama de cortador de vagas, e ele poderia ser só isso mesmo. Mas o filme recorda o poder de uma arma imprescindível para o jornalismo: desnaturalização e distanciamento. Quando o editor resolve revisitar um tema com novo ângulo e novos recursos é que a mágica acontece. O maior dos especialistas e cavador de notícias exclusivas vai sempre precisar do trabalho de alguém para fazer as perguntas básicas e não tão básicas. O "follow the money" (siga o dinheiro), a lição clássica do Todos os Homens do Presidente (1976) para o escândalo que derrubou Richard Nixon, se soma ao "get the system" (mostre os problemas do sistema). Poderia ser mais uma história sobre maçãs podres na Igreja Católica, e virou uma reportagem sobre o sistema corrompido da instituição e de impacto mundial. Reflita: quem está na cadeia de comando das atrocidades que vemos por aí?

2 - Agradeça a essa gente mal vestida e monotemática

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Raramente há grandes reportagens com informações exclusivas - por definição, algo que alguém poderoso não queria que viesse a público - se não há por trás um jornalista que se obcecou com um tema, ficou até mais tarde, provavelmente brigou com familiares e amigos por causa disso, encheu o saco de alguém, talvez o do próprio editor. Enfim, virou monotemático. De quebra, o filme revela ainda outra dura verdade: somos uma classe que se veste mal. Pobre da atriz
Rachel McAdams com essas pantalonas horrendas (descontado o custo fim dos 90, aqui o que New York Times escreveu sobre isso). Seja como for, uma salva de palmas para esses bravos pelo mundo, e uma reflexão da ombudsman da Folha, Vera Guimarães: jornalismo investigativo é o mais caro e o que mais sofre com a crise do modelo de negócios do setor.

3 - Os cínicos não servem para essa profissão

Se você, como eu, saiu do cinema frustrado por nunca ter feito uma reportagem que abalasse a república, console-se pensando que o sol nasce para todos. Há os que vem as árvores, há os que veem as florestas, e o jornalismo precisa dos dois. A equipe do Spotlight tinha o Mike Rezendes (Mark Ruffalo) no braço investigativo, mas tinha Sacha Pfeiffer (Rachel McAdams) na rua. Sem ela, sua entrega e seu esforço de empatizar com o entrevistado, faltaria uma peça importante. Pfeiffer lembra, como diria o jornalista polonês Ryszard Kapuscinski, que os cínicos não servem para essa profissão.

4 - Vai mesmo ignorar o doido de redação?

O filme redime um personagem típico: o doido da redação. Todo veículo enfrenta milhares de telefonemas e e-mails por dia prometendo o furo (a notícia exclusiva) do milênio, assim como ativistas e especialistas (verdadeiros e fakes) nos mais variados temas. O filme prova que o Boston Globe errou ao ignorar o insistente Phil Saviano e sua pequena associação das vítimas de abuso. Jornalismo requer paciência e curiosidade, mesmo quando isso é um desafio.

5 -  Há mudanças e mudanças

Já no final do filme, os jornalistas comemoram poder publicar na Internet a cópia dos documentos sobre os casos de abusos e pedofilia e o efeito multiplicador que isso teria. É um índice do que a Internet ofereceria ao jornalismo já naquele longínquo 2001. Além de bagunçar o modelo de negócios do jornalismo do século 20, a rede trouxe muito mais gente para a conversa, novos formatos e possibilidades. Há temas para os quais, não adianta torcer o nariz e escrever textões, vão ficar melhor em listas tipo BuzzFeed: dos dez mandamentos às melhores cenas de gatos. E há outros temas que não há como escapar da reportagem. Marty Baron, o diretor do filme, agora comanda mudanças no Washington Post. 

6 - Que notícia que você leu sobre a Assembleia de São Paulo?

Exibido nos cinemas, o trailer alternativo é uma meta-homenagem: diretores e atores comentam da importância do jornalismo para a democracia, comentam que o Boston Globe é apenas metade do que era em 2001 e falam do perigo da morte dos jornais locais nos EUA, que fazem um tipo de jornalismo insubstituível. Pense com eles: qual a foi a última notícia que você leu sobre a Assembleia de São Paulo?


7 - O charuto, às vezes, é apenas um charuto

É tarefa do leitor saber o que está lendo, onde está lendo e como as características políticas e ideológicas de quem publica pode influenciar o material. Dito isto, um título que você achou um acinte ou aquela pauta que ninguém viu, só você diferentão, pode ser apenas produto de um mau dia de um jornalista ou incompetência mesmo. Como diria Freud, o charuto às vezes, é só um charuto. A cara do Michael Keaton quando descobre que ele mesmo deixou a pauta dos abusos sistêmicos passar sob seu nariz quando era editor é desoladora (e reveladora).

8 - Bom repórter tem sorte?

Alguém alguma vez me disse que bom repórter tem sorte. Se você for obcecado e persistente, você multiplica as chances de sorte, de a fonte amolecer e resolver te contar algo, como em algum momento o ótimo advogado faz com o repórter interpretado por Mark Ruffalo. De acordo. Mas, às vezes, sorte é sorte mesmo. Você disse a palavra certa, na hora certa, estava no lugar certo e fica se sentindo tocado pelo deus do jornalismo.

9 - Independência é melhor que engajamento

A real equipe do furo do 'Boston Globe'.
O editor Baron vai até ao poderoso cardeal da Igreja em Boston e diz: é melhor para o jornal ser independente do que seguir na relação de compadrio com a instituição. Deveria ser o básico, mas não é, especialmente em uma época em que muitos leitores cobram adesão a mais diversas causas e partidos e estrilam a qualquer abordagem crítica, se o assunto em questão for o de sua predileção.


Tags: Cultura
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AUTOR


João de Bourbon é Jornalista, Publicitário e Consultor Político. 
Coordenou e participou de diversas campanhas eleitorais, presta consultoria em Marketing Político e é membro da IAPC – International Association of Political Consultants, associação que congrega os melhores profissionais de Marketing Político do mundo.

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