“Além de não conseguir rastrear qualquer operação de pagamento à petista, procuradores construíram o caso apenas com base em delações contraditórias”
A Lava Jato não levantou nenhuma prova de que a senadora Gleisi Hoffmann tenha recebido R$ 1 milhão do operador Alberto Youssef para sua campanha em 2010, em troca de beneficiar, e não se sabe como nem quando, o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa.
Além de não conseguir rastrear qualquer operação de pagamento à petista, os procuradores construíram o caso apenas com base em delações contraditórias. Mais do que isso: as delações sem provas materiais foram usadas para provar outras delações.
O teor farsesco da denúncia apresentada pela Procuradoria Geral da República contra Gleisi e seu marido, o ex-ministro Paulo Bernardo, foi destacado nas alegações finais que a defesa da senadora encaminhou ao Supremo Tribunal Federal. O processo já foi relatado e liberado para julgamento.
A banca que defende Gleisi frisou que os dois principais delatores do caso são Alberto Youssef e seu sócio e também réu delator Antonio Peruccini. Ambos são defendidos pela banca de Figueiredo Bastos, acusado recentemente de vender “proteção” a doleiros em Curitiba.
Depois de ser desmentido por outros delatores e mudar de versão mais de 5 vezes, Youssef disse que disponibilizou R$ 1 milhão para Gleisi em 2010 e quem fez o pagamento em 4 viagens de carro entre São Paulo e Curitiba foi seu sócio, Peruccini. Mas os procuradores não conseguiram levantar provas nem das viagens, nem da existência do dinheiro, muito menos de contato para esta finalidade entre Peruccini e o empresário Ernesto Kugler, que teria recebido os recursos em nome da senadora.
Mesmo que essa parte da acusação restasse solidamente fundamentada, o caso poderia ser de competência da Justiça Eleitoral, pois os R$ 1 milhão seriam destinados à campanha de Gleisi. Mas para evitar isso, a Lava Jato acusou a petista de corrupção passiva, associando o dinheiro misterioso a algum ato de ofício que ela pudesse vir a praticar em favor de Paulo Roberto Costa como ministra da Casa Civil. Ocorre que a denúncia tampouco discrimina qual teria sido esse ato, além do fato de ignorar que a vantagem indevida foi supostamente conquistada quando Gleisi não tinha nenhum cargo público.
Para a defesa de Gleisi, o processo é uma farsa, as acusações foram feitas de má fé em um momento em que a Lava Jato se esforçava para derrubar o governo Dilma Rousseff.
por Jornal GGN
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