Donald Trump e Kim Jong-un se tornam os primeiros líderes de Estados Unidos e Coreia do Norte a se reunirem. Em cúpula em Cingapura, ambos buscam encerrar impasse nuclear de décadas.
Um aperto de mão que entra para a história. Às 09:04 horas da manhã (horário local) desta terça-feira (12/06), o presidente americano, Donald Trump, e o ditador norte-coreano, Kim Jong-un, tornaram-se os primeiros líderes de Estados Unidos e Coreia do Norte a se reunirem. Em cúpula em Cingapura, ambos buscam encerrar um impasse nuclear de décadas.
Logo após o primeiro contato, os líderes rapidamente sentaram ao lado de seus tradutores e emitiram uma breve declaração. Ambos enalteceram o encontro e se mostraram otimistas quanto aos resultados que a cúpula pode alcançar. Em seguida, Kim e Trump iniciaram sua primeira reunião sozinhos, apenas com os tradutores. Mais tarde, as conversações ocorrerão com a presença de assessores políticos e membros das comitivas.
"O caminho para vir até aqui não foi fácil. Os velhos preconceitos e práticas funcionaram como obstáculos no nosso caminho, mas os superamos todos e estamos aqui hoje", disse Kim. "Viemos aqui para para superar todos os obstáculos." Em resposta, Trump se mostrou otimista. "Vamos ter um ótimo relacionamento, não tenho dúvidas", disse.
WATCH: Trump and North Korean leader Kim Jong Un shake hands at start of #TrumpKimSummit. Follow live updates: https://t.co/IgIU4Ln2S8 pic.twitter.com/MhXKn0eRmr— Reuters Top News (@Reuters) 12 de junho de 2018
A cúpula extraordinária – impensável há alguns meses – ocorre depois que os dois Estados inimigos e munidos de armas nucleares estiveram à beira de um conflito militar no ano passado, em meio à troca de insultos pessoais e testes nucleares e balísticos realizados por Pyongyang.
Mais cedo nesta terça-feira, pouco antes do encontro, Trump enalteceu os preparativos para a cúpula em sua conta oficial no Twitter. "As reuniões entre equipes e representantes estão indo bem e rapidamente, mas, no final, isso não importa. Todos nós saberemos em breve se pode ou não ocorrer um acordo real, ao contrário dos do passado!", escreveu. Comitivas dos dois países realizaram um encontro prévio.
E o presidente dos EUA não perdeu a oportunidade para cutucar seus críticos. "O fato de eu estar tendo uma reunião é uma grande perda para os EUA, dizem os que odeiam e os perdedores. Nós temos nossos reféns e testes, pesquisas e todos os lançamentos de mísseis pararam, e esses intelectuais que disseram que eu estava errado desde o começo não têm mais nada a dizer! Nós ficaremos bem!"
The fact that I am having a meeting is a major loss for the U.S., say the haters & losers. We have our hostages, testing, research and all missle launches have stoped, and these pundits, who have called me wrong from the beginning, have nothing else they can say! We will be fine!— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) 11 de junho de 2018
O encontro com Kim era algo bastante distante no ano passado, quando Trump pediu à comunidade internacional que exercesse "pressão máxima" contra o regime norte-coreano e ameaçou com "fogo e fúria como o mundo nunca viu" se Pyongyang continuasse com as ameaças contra os EUA. Em contrapartida, Kim chamou Trump de "mentalmente perturbado" e disse que iria "domesticá-lo com fogo".
Lembranças que ficaram distantes nesta terça-feira, em meio às palmeiras e paredes caiadas do ultra exclusivo Capella Hotel, em Cingapura, onde Trump e Kim caminharam em direção um ao outro e deram o aperto de mão histórico. Em seguida, os dois sentaram à mesa para um meio dia inicial de conversações, com ramificações para o mundo inteiro.
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E se Trump e Kim conseguirem refutar os temores dos críticos de que a cúpula em Cingapura será mais uma sessão de fotos do que sobre debates políticos, o encontro dos dois tem o potencial para se tornar um definidor de legados. A Coreia do Norte prometeu desistir de suas armas no passado, mas um longo histórico de acordos anteriores fracassou.
Tecnicamente, Washington e Pyonguang ainda estão em guerra – embora morteiros, carabinas e helicópteros do sangrento conflito dos anos 1950 silenciaram desde então. O regime totalitário progrediu rapidamente à junção de tecnologia nuclear e de mísseis que colocariam Los Angeles, Nova York e Washington a uma distância suficiente para um holocausto nuclear.
Trata-se de um encontro histórico – talvez comparável à visita do ex-presidente americano Richard Nixon à China em 1972, ou à reunião de outro ex-líder americano Ronald Reagan com o líder soviético Mikhail Gorbachev, em 1986, na Islândia.
Os Estados Unidos afirmam que isto é inaceitável e que será tratado de uma forma ou de outra. Mas para a Coreia do Norte, o simples fato de haver negociações – diálogo de igual para igual – reflete um avanço extremamente simbólico. Para o líder norte-coreano, estar ao lado do presidente dos EUA em frente de dezenas de câmeras é uma meta que Pyongyang buscava há décadas – críticos afirmam que este gesto legitima um dos regimes mais implacáveis do mundo.
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