Cinco de seis candidatos que foram a evento da CNI defenderam mudança previdenciária; três deles querem revisar reforma trabalhista aprovada por Temer
Por André Siqueira
Revista Veja
Em evento promovido pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), em Brasília, nesta quarta-feira, seis dos pré-candidatos à Presidência da República na eleição deste ano apresentaram suas propostas para o país. A questão econômica esteve no centro do debate – o assunto mais comentado foi a urgência em se fazer a reforma da Previdência, tentada, mas não implementada pelo presidente Michel Temer (MDB). Além disso, parte dos presidenciáveis citou a importância de rever a reforma trabalhista, vigente desde novembro passado.
Estiverem presentes à sabatina os ex-governadores Geraldo Alckmin (PSDB) e Alvaro Dias (Podemos), os ex-ministros da Fazenda Henrique Meirelles (MDB) e Ciro Gomes (PDT), o deputado federal Jair Bolsonaro (PSL) e a ex-senadora Marina Silva (Rede).
O tucano criticou a existência de dois regimes previdenciários no país. “Para o trabalhador da indústria e do comércio, a média de (valor da) aposentadoria é de 1.391 reais. E ninguém passa de 5.000 reais. O setor público federal pode escolher: 8 (mil reais), 17 (mil reais) e 27 mil reais de média”, afirmou. Por isso, prometeu, se eleito, avançar na agenda das reformas nos primeiros seis meses de mandato. ”A força do voto da democracia é fundamental e eu diria que os primeiros seis meses são essenciais para fazer as reformas que precisam ser feitas”, disse. “A reforma é para ontem, fazê-la rapidamente, tudo no primeiro semestre do ano que vem. Quanto mais rápido fizermos, recuperamos a confiança”, acrescentou.
Bolsonaro também sinalizou a necessidade da reforma, mas não deu detalhes sobre sua proposta. Para o deputado federal, o Brasil está “praticamente insolvente” e, por isso, é necessário rever o comprometimento do orçamento com despesas obrigatórias. O pré-candidato do PSL criticou, ainda, a proposta que Temer tentou, sem sucesso, aprovar no seu governo. Para ele, o modelo era ”um remendo novo em calça velha”.
Para Alvaro Dias, alguns pontos merecem atenção especial quando o assunto é a reforma da Previdência. ”Não há como evitar a idade mínima e não há como não convergir os sistemas público e privado. Não se fará reforma da Previdência sem eliminar privilégios de autoridades”, defendeu. Sobre a reforma trabalhista, criticou o mecanismo de trabalho intermitente e a possibilidade de mulheres lactantes trabalharem em locais insalubres.
Ciro Gomes defendeu a realização de uma consulta popular durante a discussão do regime previdenciário. ”Não vamos sair do atoleiro sem um amplo diálogo. Não estamos virando o jogo. Estamos afundando estrategicamente como nação”, apontou. Por outro lado, o presidenciável do PDT classificou como ”selvageria” a reforma trabalhista em vigência. “Cinquenta milhões de compatriotas nossos estão vivendo o pão que o diabo amassou na informalidade. Vamos colocar a mão na consciência, cavalheiros”, criticou.
Quem também enfatizou a importância da discussão sobre a reforma trabalhista foi Marina Silva. Para a pré-candidata da Rede, ”a reforma trabalhista carece de mudanças e de revisão para de fato significar modernização”. Quando perguntada sobre o que alteraria, ela divergiu de Alvaro Dias, ao defender a autorização para que mulheres grávidas possam trabalhar em locais insalubres, se os médicos liberarem. Marina disse, ainda, que estes pontos vulneráveis no texto atual são frutos da forma ”atabalhoada” com a qual ele tramitou no Congresso. “A reforma tinha como sinalizador aumentar empregos, o que ainda não se efetivou”, ponderou.
Sem entrar em detalhes, o ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles defendeu a reforma da Previdência, para ”criar igualdade”. Além disso, apontou como fator positivo da reforma trabalhista a diminuição dos processos contra empresas.
O que defenderam os candidatos no evento da CNI
Geraldo Alckmin (PSDB)
- Reforma da Previdência
- Reforma tributária
- Redução do imposto de renda para pessoa jurídica
- Redução do estado
Jair Bolsonaro (PSL)
- Reforma da Previdência
- Redução do número de ministérios de 29 para 15
- Maior participação da iniciativa privada na economia
- Redução do estado
Ciro Gomes (PDT)
- Reforma da Previdência
- Revisão da reforma trabalhista
- Atuação na política de câmbio e juros
Alvaro Dias (Podemos)
- Reforma da Previdência
- Revisão da reforma trabalhista
- Lista tríplice para indicação de ministros do Supremo Tribunal Federal
- Revisão da PEC dos gastos públicos
- Redução dos privilégios para evitar supersalários de servidores
- Refino do petróleo no Brasil para baratear seu custo
Marina Silva (Rede)
- Revisão da reforma trabalhista
- Maior autonomia às instituições financeiras
- Reforma tributária e redução dos juros
- Reforma política (mandato único de 5 anos no Executivo)
Henrique Meirelles (MDB)
- Reforma da Previdência
- Reforma trabalhista
- Simplificação do sistema tributário
- Aumentar a competitividade no mercado brasileiro
(Com Estadão Conteúdo)
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