Depois que foram circuladas as fotos do encontro entre o ex-presidente Lula e o Papa Francisco, percebi nas redes sociais algumas animosidades que em nada contribuem. Mas que como cristão católico e petista, me incomodaram e causaram reflexão.
É curioso que algumas pessoas pensem que Lula não é digno de um encontro com o Papa e o pior, apesar de se intitularem como "cidadãos de bem", (o que na maioria das vezes está diretamente ligado ao cristianismo), desrespeitam a entidade Papal. É completamente aceitável que católicos não concordem com escolhas e opções feitas pelos representantes da Igreja, mas faltar com respeito é desconsiderar sua hierarquia.
Mas voltemos ao encontro e o que ele significa. O PT é um partido de massas que foi criado por diferentes atores sociais, entre eles um forte movimento católico, as CEB's - Comunidades Eclesiais de Base. Esse é um dado importante, pois a maioria dos petistas são cristãos e católicos. E, justamente pelo fato do movimento católico ter participado da fundação do partido é que muitos dos princípios do PT estão alinhados aos ensinamentos de Cristo, a documentos da Igreja e aos pronunciamentos de Francisco.
Além disso, Lula que também é católico, sempre falou em Deus, em sua fé, mas diferente de muitos oportunistas, nunca falou em nome de Deus, mas de sua experiência com a religiosidade. O PT e Lula, assim como a Igreja, defendem a justiça social, a tolerância, a humildade, a paz e a valorização do povo pobre.
O primeiro ato do ex-presidente Lula quando chegou ao Palácio foi criar o Programa FOME ZERO, reduziu a desigualdade social e tinha como objetivo que durante seu mandato, cada brasileiro e brasileira pudessem fazer 3 refeições diárias. Se esse não é um ideal em comum com o que prega a Igreja, então não sei o que é. Lula é digno deste encontro, seu ideal está em comunhão com os princípios que aprendi e busquei ensinar aos meus catequizandos. Foram suas ideias que conseguiram fazer do Brasil um país menos desigual.
O que vemos hoje? Os índices apontando o aumento da desigualdade social, o Ministro da economia comemorando a alta do dólar e justificando que assim a empregada não pode ir para a Disney. Lula sempre diz que, para a elite, seu pior feito foi que a empregada tivesse o direito de usar o mesmo perfume que a patroa. Ou seja, a elite ficou brava não porque perdeu, afinal, porque não perdeu, mas porque não aceitou que a pirâmide pudesse ser achatada da base para o topo.
Um encontro por justiça social diz muito, mostra o rumo que a Igreja tem tomado, a abertura a temas sensíveis e a aproximação das minorias sociais. O que queriam essas pessoas que não aceitam o encontro de Lula com o Papa? Que fosse Bolsonaro a se reunir e falar como a Igreja deveria desprezar os homossexuais ou acatar a volta da pena de morte? Ou Paulo Guedes para defender o abismo social e pedir a volta da cobrança de indulgências?
Lula e Papa Francisco são grandes latino-americanos que conhecem a realidade do povo pobre e trabalhador. Vida longa a estas duas lideranças!
*Arilson Chiorato é formado em Administração pela UEM e mestre em gestão urbana pela PUC, deputado estadual pelo PT-PR e Presidente do PT Paraná (2020-2024)
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