Com Ciro no páreo, Dilma já está a um bico de Serra

As pesquisas que chegam nessa fase pré-carnavalesca dão a José Serra a impressão de que 2010 não será o baile que imaginara.
Mantido o baticum tamborilado pelas primeiras sondagens eleitorais, o ano pode lhe reservar uma sucessão de quartas-feiras de cinzas.
Depois dos tambores do Vox Populi, soam os pandeiros do instituto Sensus. Informam: se Ciro não se retirar do baile, Dilma vai rodopiar na cola de Serra. Eis o quadro:
- José Serra: 33,2%
- Dilma Rousseff: 27,8%
- Ciro Gomes: 11,9%
- Marina Silva: 6,8%
- Nenhum, branco ou nulo: 10,5%
- Não sabe ou não respondeu: 9,9%

Na ponta do lápis, Serra estaria 5,4 pontos percentuais à frente de Dilma. Na prática, os dois estão em empate técnico.
Por quê? Há no inverso das estatísticas eleitorais uma estrovenga chamada "margem de erro". Na pesquisa Sensus, a margem é de três pontos, para mais ou para menos.
No caso de Dilma, seus 27,8% tanto podem se aproximar de 24,8% (o piso da margem) quanto podem roçar os 30,8% (o teto da margem).
Em relação aos 33,2% atribuídos a Serra, podem se situar em qualquer ponto do intervalo compreendido entre 30,2% e 36,2%.
Ao fundo, os surdos martelam a pergunta da hora: e se o Ciro Gomes tomar o rumo da porta de saída. Bem, nesse caso a evolução dos passistas se altera.
Sem Ciro, Serra aperta o passo. Vai a 40,7%. Dilma escorrega de leve para a frente, mas não chega a ultrapassar a linha dos trinta. Vai a 28,5%. Ficaria assim:

- José Serra: 40,7%
- Dilma Rousseff: 28,5%
- Marina Silva: 9,5%
- Nenhum, branco ou nulo: 11,4%
- Não sabe ou Não respondeu: 10%

Somando-se Dilma com Marina, chega-se a 38%. Não fosse pela margem de erro de três pontos, poder-se-ia afirmar que Serra liquidaria a fatura no primeiro turno.
O Sensus trouxe à luz também um lote de números que recobrem de brilho a fantasia de cabo eleitoral envergada por Lula.
A dez meses do final, o governo recebe menção positiva de 71,4% dos eleitores pesquisados. O índice de aprovação do presidente é ainda maior: 81,7%.
No final do ano passado, instado por seus pares a cair de uma vez no samba, Serra dissera não ter pressa. Alegara dispor de “nervos de aço”.
Evocara Lupcínio. Mas continua mais próximo de outros compositor. Enquanto aguarda por Aécio, Serra ajusta a fantasia e leva à vitrola o bom Noel:

“Agora vou mudar minha conduta
Eu vou pra luta, pois eu quero me aprumar
Vou tratar você com força bruta
Pra poder me reabilitar
Pois esta vida não está sopa
Eu pergunto com que roupa
Com que roupa eu vou?
Pro samba que você me convidou...”
www.josiasdesouza.folha.blog.uol.com.br

Share: