Travestis de todo o país, juntamente com o governo federal, lançaram hoje (28) uma campanha de combate ao preconceito nos serviços de saúde e na sociedade. Para o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, o sistema de saúde precisa estar preparado para atender as demandas das travestis.
“Esta é a demanda mais importante das travestis, que têm o direito de cuidar de sua saúde. Elas têm problemas específicos e o sistema de saúde tem que atender às suas singularidades”, afirmou Temporão.
A campanha “Sou Travesti. Tenho Direito de Ser Quem Sou” foi criada pelas próprias travestis com o apoio do Ministério da Saúde e das Secretaria Especial de Direitos Humanos. O objetivo é sensibilizar as pessoas contra o preconceito e a discriminação, além de informar as travestis sobre as formas de prevenção da aids.
Foram criados folhetos dirigidos aos serviços de saúde que orientam os profissionais a dar um atendimento de melhor qualidade e sem discriminação às travestis. Na capa do material, o título informa "Olhe, Olhe de Novo e Veja Além do Preconceito. Travesti Tem Direito a um Bom Atendimento no Serviço de Saúde”.
Segundo temporão, muitas travestis são expostas a constrangimento no serviço de saúde quando são chamadas por seu nome de registro e não por seu nome social (nome feminino adotado).
“As travestis sofrem agressões nos espaços públicos, a exemplo do que ocorre quando são chamadas em público, por profissionais de saúde, por seus nomes de registro e não por seu nome social. Muitas passam a evitar o serviço de saúde”, afirmou o ministro.
Fernanda Benvenuti é técnica em enfermagem em João Pessoa, na Paraíba. Segundo ela, precisa haver um trabalho de humanização com todos os profissionais que trabalham nos serviços de saúde, a começar pelo segurança que atende na entrada do posto.
“Eles precisam aprender a lidar com a gente. Em um serviço público, que é um dever do Estado, você recebe a mesma discriminação da rua. As pessoas enxergam as travestis como se fossem uma mazela social, mas nós não somos, nós pagamos impostos e ajudamos a construir esta sociedade”, disse.
O material da campanha orienta sobre os procedimentos adequados às pacientes. Constam informações sobre as especificidades das travestis como a aplicação de silicone, o uso de hormônios, a aparência física feminina, o uso do banheiro e a identificação das situações de risco que podem levar à infecção pelo HIV.
A campanha foi elaborada durante uma oficina de criatividade, realizada em janeiro em Brasília, com a participação de 16 travestis de cinco regiões brasileiras. Os materiais gráficos serão distribuídos pelo Ministério da Saúde para postos de saúde e instituições não governamentais que atuam na área.
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