BRUNA MAESTRI
WALTER – gAZETA DO POVO
A desigualdade é uma das marcas do Paraná, que
precisa encontrar soluções para oferecer melhores condições à populações de
áreas carentes
Várias são as faces da pobreza e suas explicações. Para a dona de
casa Rosa de Matos Oliveira, da cidade de Pinhão, no Centro-Sul do Paraná, que
depende do Bolsa Família para se manter, a causa está na falta de emprego. No
Vale do Ribeira, o encanador Louridi Cândido Brás reclama principalmente do
isolamento de Doutor Ulysses. Já no Noroeste do estado, aos 21 anos, Júnior
César, da pequena Santa Mônica, largou os estudos e perdeu as esperanças. “Pra
que estudar, se para subir no caminhão de boia-fria isso não faz diferença nenhuma?”,
questiona.
Os
relatos acima e tantos outros ouvidos pela reportagem em diversas regiões
paranaenses mostram o desafio da redução da pobreza, que se dissemina e atinge
18,4% dos domicílios do estado, de acordo com dados de 2010 do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Pobreza
essa que parece caminhar em ciclos. Os moradores reclamam da falta de
oportunidades e ficam expostos a situações de vulneabilidade. Já os gestores
muitas vezes dizem não ter recursos suficientes para a melhoria de vida da
população e que faltam empregos. Sem infraestrutura nem mercado consumidor,
as indústrias acabam se instalando em outras áreas.
Para
quebrar esses ciclos, o Estado precisará investir em incentivos a indústrias,
educação, saúde e infraestrutura e em um plano de desenvolvimento para as áreas
mais carentes. O diretor do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e
Econômicas, Francisco Menezes, acredita em uma capacidade de transformação a
médio e longo prazos no país. Menezes aponta a necessidade de condições básicas
para que as pessoas em situação de pobreza extrema possam se emancipar através
do próprio trabalho, especialmente os mais jovens. “Para o público mais velho e
que viveu uma situação de muita vulnerabilidade, essas condições são mais
difíceis.”
Plano fundamental
Um
plano para o desenvolvimento das regiões também é apontado como fundamental. De
acordo com o coordenador do Observatório dos Indicadores de
Sustentabilidade (Orbis), Alby Rocha, é preciso uma visão regionalizada, com
o apoio do governo, para que se criem formas de geração de renda nesses
municípios. O presidente da Associação dos Municípios do Paraná (AMP) e
prefeito de Piraquara, Gabriel Samaha, vai além e sugere que seja repensado um
modelo de desenvolvimento para o estado. “O estado é o grande fomentador. Tem
que ter um programa estadual capaz de pensar as microrregiões”, afirma.
O
Paraná é um estado rico, mas extremamente desigual, avalia o diretor presidente
do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes),
Gilmar Lourenço. Segundo ele, é preciso investir em infraestrutura econômica e
educação e fortalecer o agronegócio. Lourenço afirma que o estado tem
incentivado que as empresas se instalem nas regiões mais pobres; negociado com
as concessionárias de pedágio revisão das tarifas e uma possível retomada de
obras; e articulado com faculdades e universidades estaduais a produção de
alternativas de desenvolvimento. “O quadro tem que ser revertido olhando o
Paraná como um todo”, afirma. É o que esperam Rosa, Louridi e milhares de
paranaenses.
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