Mantega previra crescimento trimestral duas vezes
maior que o divulgado na semana passada
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O crescimento frustrante da
economia brasileira no terceiro trimestre do ano pode ter despertado o país de
seu sonho de finalmente chegar ao caminho do desenvolvimento, na avaliação de
um artigo publicado nesta segunda-feira pelo diário econômico britânico
Financial Times.
"Será que o sonho
brasileiro de finalmente sair da chamada armadilha da renda média após uma
década de crescimento econômico sólido está emperrando de repente?",
questiona o texto, assinado pelo correspondente do jornal em São Paulo, Joe
Leahy.
O jornal comenta que o
crescimento de 0,6% do PIB no terceiro trimestre foi não somente a metade do
que o previsto dias antes pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, como também
foi inferior ao esperado pelo "mais pessimista dos analistas de
mercado".
"Para a presidente
Dilma Rousseff, além do embaraço pela previsão errada, o mais preocupante será
descobrir que diabos deu errado na economia", diz o jornal.
Pior da década
O artigo, intitulado 'Dor da
meta de crescimento perdida sacode o Brasil de seu sonho", observa que
tirando o atípico ano de 2009, quando a economia global sofreu um colapso, o
crescimento no ano de 2012 será o pior da década para o Brasil, apesar de
várias ações do governo para tentar estimular o crescimento.
Para o correspondente do Financial
Times, as medidas do governo não tocaram no problema da falta de
competitividade de setores como o automotivo, protegido das importações que
poderiam forçar uma melhoria de competitividade.
O jornal observa que a
política do Partido dos Trabalhadores de proteger os empregos vem mantendo a
taxa de desemprego nos níveis mais baixos da história, mas afirma que isso traz
consigo maiores custos trabalhistas.
Por fim, o artigo afirma que
"apesar de os brasileiros ainda não estarem sentindo o impacto da
desaceleração, os investimentos vêm se retraindo de maneira silenciosa". O
jornal comenta que os investimentos no país, "já baixos para um país em
desenvolvimento", caíram 1,9% no terceiro trimestre.
O jornal comenta que o
"sempre otimista" Mantega ainda promete um crescimento de 4% no ano
que vem, mas afirma que "em lugar de fazer promessas rosadas, o governo
deveria usar a desaceleração para promover as dolorosas reformas necessárias
para acelerar a transformação do Brasil de uma economia baseada no consumo em
uma balanceada por mais investimentos".
Para o autor, a determinação
mostrada pelo governo em promover a redução das tarifas de eletricidade ou o
corte nas taxas de juros também deveria ser aplicada na reforma tributária, no
combate à burocracia pouco eficiente, no enfrentamento de interesses escusos da
iniciativa privada e na construção de infraestrutura.
"Após quase uma década
vivendo um sonho, o Brasil está sendo despertado", conclui o jornal.
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