Christian Frasier. Da BBC News em Paris
Catedral medieval francesa Notre Dame de Paris. Foto: © Godong |
Um festival com um
ano de duração vai celebrar, em 2013, o aniversário de 850 anos da catedral
medieval francesa Notre Dame de Paris.
Situada na pequena
Île de la Cité, em Paris, a catedral se ergue, altiva, rodeada pelas águas do
rio Sena. Não é a igreja mais antiga, nem a maior ou a mais alta do mundo - mas
muitos diriam ser a mais famosa.
Testemunha dos mais
importantes eventos na história da França, desde sua fundação a catedral
testemunhou o nascimento de 80 reis, dois imperadores e cinco repúblicas. Ela
também assistiu, impassível, à participação da França em duas guerras mundiais.
Suas famosas
gárgulas, que a protegem contra espíritos malévolos, viveram glórias e
tragédias ao longo dos séculos. Por exemplo, Notre Dame foi saqueada e quase
demolida durante a Revolução Francesa.
Festival ao longo de 2013 vai
celebrar aniversário da
famosa catedral parisiense
|
Mas o monumento,
erguido em homenagem a Nossa Senhora - daí o nome, Nossa Senhora de Paris -, a
tudo sobreviveu. E no ano que se aproxima será a estrela de uma série de
eventos que celebram seu 850º aniversário.
Guerras santas
A catedral começou
a ser construída em 1163 e só foi concluída 180 anos depois.
Mesmo antes de
terminada, a obra em construção já atraía cavaleiros medievais que, durante as
Cruzadas, iam a Notre Dame rezar e pedir proteção antes de partir para o
Oriente.
Em 1431, com as
obras já concluídas, foi entre suas paredes que um menino de dez anos, de saúde
delicada - Henrique 6º, da Inglaterra -, foi coroado rei da França.
E em 1804, ao som
dos tubos do grande órgão da catedral, Napoleão foi coroado imperador.
A música sempre
cumpriu um papel fundamental na vida de Notre Dame. Isso pode ser comprovado
por relatos em manuscritos medievais guardados nos arquivos da igreja.
Não é surpresa,
portanto, que a música também esteja no centro das comemorações do aniversário.
No próximo ano,
três corais vão reviver a música que se fazia em Paris naquele período, e que
remonta aos primórdios do cristianismo.
Sinos de Quasímodo
Alguns sinos de Notre Dame
serão substituídos por
novos (acima), feitos com
métodos tradicionais
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"Em 1163,
quando começaram a construir a catedral, Paris tornou-se um centro de grande
desenvolvimento intelectual, espiritual e musical", explica à BBC o
diretor de um dos corais, Sylvain Dieudonne.
"A escola
musical (parisiense) foi muito influente", agrega. "Sabemos, a partir
dos manuscritos que encontramos, que ela influenciou a música (que se fazia) em
toda a Europa - na Espanha, Itália, Alemanha e Inglaterra."
Mas a catedral de
Notre Dame também é conhecida por um outro som, muito famoso: os sinos que
tanto fascinam o personagem Quasímodo, do romance O Corcunda de Notre Dame, do
escritor francês Victor Hugo.
O maior deles é
Emmanuel, instalado na torre sul em 1685. Suas badaladas marcam a passagem das
horas durante o dia. Emmanuel também badalou para marcar a liberação de Paris
do controle alemão, em 1944.
Bolas de canhão e
arquitetura
Neste ano, os sinos
menores, da torre norte - que não são originais -, serão substituídos.
Os originais foram
derretidos durante a Revolução Francesa para a fabricação de bolas de canhão.
Os substitutos, fabricados no século 19, eram "desafinados".
Oito dos sinos
novos estão sendo fundidos em Villedieu-Les-Poeles, na Normandia, a partir de
métodos usados no Egito Antigo. Os moldes são feitos com crina de cavalo e esterco.
"(Essa
combinação de materiais) dá ao sino um revestimento perfeito, muito melhor do
que os feitos com areia e cimento", diz Paul Bergamo, presidente da
fundição.
"Também
estamos usando várias técnicas computadorizadas para afinar o som dos
sinos", acrescenta. "Acredito que, quando terminarmos, este será o
melhor carrilhão da França."
O festival de
aniversário, com duração de um ano, não estaria completo sem uma celebração
também da arquitetura da catedral. Notre Dame é considerada uma obra prima da
arquitetura gótica.
Há planos, também,
de se fazer melhorias na iluminação interna.
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