Medidas de austeridade e desemprego levam
jovens
europeus (acima, espanhóis) à desilusão
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O mundo dos
próximos anos deve ser mais interconectado, de população mais velha e urbana, e
com uma classe média mais forte nos países emergentes.
Mas também será um
mundo de jovens desiludidos, de incertezas econômicas, crescente disparidade de
renda e sob sérios desafios climáticos.
Essas são algumas das tendências
previstas pela empresa de pesquisas Euromonitor International, autora de um
relatório chamado "Dez Macro Tendências para os Próximos Cinco Anos".
O objetivo do relatório é
analisar o futuro dos mercados consumidores. Confira as projeções:
'Futuro incerto'
Dívidas fora de controle, medidas
de austeridade na zona do euro e distúrbios políticos globais causam o maior
nível de incerteza política e econômica dos últimos anos, aponta o relatório.
"E se a situação de
prosseguir, isso terá efeitos para os consumidores que, em tempos incertos, vão
exercitar a cautela ao tomar decisões de consumo."
'Classes médias emergentes'
"A expansão da classe média
nos diversos países emergentes será um dos efeitos-chave do crescimento
econômico (desses países), à medida que grandes contingentes populacionais
deixaram a pobreza e formaram uma base de consumidores cada vez mais exigentes
e sofisticados", opina a Euromonitor.
Relatório de novembro do Banco
Mundial cita, por exemplo, o aumento da renda média na América Latina. Na
última década a classe média da região cresceu em 50%, de 103 milhões de
pessoas em 2003 para 152 milhões em 2009, hoje representando 30% da população.
Na Rússia, analistas apontam que
a classe média está mais influente e busca sua voz na política; a China mira
cada vez mais seu mercado de consumo doméstico, diante do desaquecimento da
economia global.
'Jovens desiludidos'
A crise em países desenvolvidos
teve como desfecho os altos índices de desemprego entre os jovens, e essa
tendência deve se manter, diz a Euromonitor.
Idosos na Grã-Bretanha; população global está
em
processo de envelhecimento
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Entre os casos mais
graves estão a Espanha e a Grécia, onde, segundo dados da Eurostat (instituto
oficial de estatísticas da União Europeia), a taxa de desocupação de pessoas
com menos de 25 anos supera os 50%.
Essas taxas
contribuem para a insatisfação dos eleitores mais jovens, muitos dos quais têm
saído às ruas de Atenas e Madri para protestar contra as medidas de austeridade
na Europa.
O relatório da
Euromonitor afirma que "faltam perspectivas decentes para os jovens, que
enfrentam altos desemprego, custos universitários e custos de vida, além da
falta de moradia acessível e do fardo de ter que ajudar os mais idosos no
futuro".
'Divisão entre ricos e pobres'
O Brasil vive um
momento histórico de redução da desigualdade, mas isso não necessariamente se
repete no resto do mundo.
Segundo estudo
prévio da Euromonitor, de março, a desigualdade de renda aumentou na maioria
dos países entre 2006 e 2011, forçada pelo envelhecimento da população, pelo crescimento
do desemprego e das medidas de austeridade em países desenvolvidos, além da
persistente divisão entre áreas rurais e urbanas nos países em desenvolvimento.
Segundo o
levantamento, essas disparidades podem minar os benefícios da recente onda de crescimento
em alguns países.
A Euromonitor cita
que aumentos desproporcionais de salários, avanços tecnológicos e urbanização
também podem favorecer a desigualdade.
Para a consultoria,
essas divisões também estão por trás de distúrbios sociais.
'O desafio climático'
"Padrões
climáticos cada vez mais erráticos e o aumento dos níveis dos mares serão as
maiores ameaças às populações nos próximos cinco anos e depois", diz a
análise da Euromonitor.
Serve de exemplo a
supertempestade Sandy, que recentemente varreu a costa leste dos EUA e deixou
mais de 40 mortos no país. Os custos de reconstrução das áreas devastadas foram
estimados em de US$ 30 bilhões a US$ 40 bilhões.
Mas os prejuízos
causados pelo clima "errático" vão muito além disso. "Secas e
enchentes continuarão a provocar devastação em plantações, afetando os preços
dos alimentos nos próximos anos", segundo o relatório da Euromonitor.
'Um mundo em
processo de envelhecimento'
A tendência global
é de taxas menores de nascimentos e maior expectativa de vida, o que resulta em
uma população mais velha.
O Brasil se encaixa
nessa tendência: a taxa de fecundidade foi de 1,86 filho por mulher em 2010,
segundo o IBGE. A população brasileira deve se estagnar a partir de 2030. As
consequências socioeconômicas de casos como o brasileiro são diversas.
"Populações em
processo de envelhecimento vão impactar as perspectivas futuras de crescimento
econômico, por conta da redução da mão de obra e de taxas mais baixas de
poupança e investimento", prevê a Euromonitor. "Ao mesmo tempo,
gastos públicos relacionados à idade (caso da saúde) devem aumentar
significativamente."
Favela brasileira; desigualdade caiu no país,
mas
cresceu em vários lugares do mundo, diz
relatório
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'Transição urbana'
"A urbanização
ser uma tendência de longo prazo, mas seu ritmo cresceu perceptivelmente nos
últimos anos e o crescimento das cidades alcançou níveis sem precedentes em
mercados emergentes", aponta o levantamento.
A China é um
exemplo, com a construção de cidades que têm virado polo de atração para
hotéis, aeroportos e outros empreendimentos.
Em âmbito global,
mais da metade da população já vive em áreas urbanas.
"O êxodo do
campo à cidade é fortemente impulsionado pelo anseio por mais poder
econômico", diz a Euromonitor. "A transição global para a vida urbana
está moldando os mercados consumidores e a demanda."
'Pessoas em movimento'
Para a consultoria,
o mundo fica "menor" à medida que mais pessoas têm acesso à opção de
viajar, estudar e trabalhar fora de seus países de origem.
Para Euromonitor, marcas chinesas querem
disputar
mercado com marcas internacionais
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"A
continuidade da migração tem impacto significativo nas economias, nos mercados
e no consumo", opina a Euromonitor. "A maior diversidade étnica
oferece boas oportunidades aos mercados."
'Mundo mais conectado'
Previsão da
consultoria tecnológica IDC aponta que, a partir de 2015, usuários acessarão
mais a internet por dispositivos móveis - tablets e smartphones - do que por
computadores.
"Quase um
terço dos consumidores globais online têm acesso à web em seus celulares",
afirma a Euromonitor.
"Mídias
sociais como Facebook e Twitter estão mudando a forma como as pessoas
interagem. Uma estratégia bem-sucedida em mídias sociais será uma prioridade
para as empresas no mundo inteiro."
'China global'
Segundo a
Euromonitor, está mudando o foco dos investimentos estrangeiros chineses:
inicialmente concentrados em países em desenvolvimento e ricos em recursos
naturais, eles agora se começam a se voltar à América do Norte e à Europa.
"Diversas
marcas chinesas entraram na arena global e tentarão desafiar marcas globais
estabelecidas", prevê o relatório. "Especialistas creem que os
investimentos externos de empresas chinesas tenham um crescimento expressivo na
próxima década."
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