Agência Brasil
Rio de Janeiro – Um grupo de 25 cientistas do mundo inteiro terá
dois anos para fazer pesquisas e relatar experiências concretas que conciliem a
produção agropecuária sustentável para garantir a segurança alimentar mundial.
A iniciativa, lançada dia (12) no Rio, pretende unir pesquisadores, governos e
empresas em torno do bem comum. De acordo com Emile Frison, diretor-geral da
Bioversity Internacional, organização de pesquisa sem fins lucrativos com sede
em Roma, que lidera o projeto, a novidade da Agriculture and Conservation
Initiative é a união entre pesquisadores de sustentabilidade e dos setores
produtivos para buscar soluções integradas.
“O próximo passo é fazer
realmente os cientistas trabalharem juntos. Nós temos essa organização de alto
nível que pode fornecer importantes políticas de volta. Mas nós precisamos que
esses cientistas construam evidências científicas. Eles devem tentar congregar
tudo que nós sabemos sobre iniciativas que funcionam para diferentes paradigmas
de agricultura”, disse.
O presidente da Fundação
Brasileira para o Desenvolvimento Sustentável (FBDS), Israel Klabin, que
participou do evento, declarou que o Brasil tem papel de liderança nessa área,
pois o país “é a capital mundial do capital natural”, com todos os recursos
naturais na maior plenitude e tem trabalhado com realismo na questão. Para
Klabin, é importante que o setor produtivo não deixe de lado a questão
ambiental e caminhe para uma economia sustentável.
“Nós estamos vivendo um momento
de crise em todos os setores do planeta. Na verdade os sistemas de produção
estão indo relativamente bem, mas a inserção deles na realidade planetária e no
excesso de uso do capital natural, faz com que nós procuremos uma regulagem
entre produção e meio ambiente, o que se trata aqui é exatamente isso, como é
que nós podemos continuar a produzir e ao mesmo tempo respeitar os limites que
a natureza nos oferece, para que nós possamos fazer com que os bens naturais
herdados do passado possam ser passados para os nossos filhos da mesma maneira
que nós recebemos”.
O presidente da Empresa
Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Maurício Lopes, destacou que o
Brasil avançou muito nessa área nos últimos 40 anos, com a criação de
instituições de pesquisa e legislação. De acordo com ele, o país superou o
problema da insegurança alimentar e passou de importador para provedor de
alimentos, transformou grandes áreas de solo ácido em férteis, desenvolveu um
conceito próprio de agricultura tropical e construiu uma plataforma de práticas
sustentáveis.
“Nós temos hoje mais de 30
milhões de hectares de áreas de plantio direto, onde não mais revolve o solo, o
que ajuda a resolver os problemas de erosão, de desgaste do solo, perdas de
nutriente. O Brasil é líder em fixação biológica de nitrogênio, toda a soja
brasileira é cultivada sem a aplicação de nitrogênio na forma química. E nós
estamos promovendo agora uma outra grande revolução na agricultura brasileira,
que é a integração de sistemas: lavoura-pecuária, lavoura-pecuária-floresta,
tudo combinado, que vai nos permitir um crescimento vertical da produção
brasileira”, disse.
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