BBC Brasil
De acordo com especialistas,
parte mais difícil do
projeto é fazer com que lentes
permitam oxigenação
do olho
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Pesquisadores dos Estados Unidos
e da Suíça estão criando lentes de contato que - uma vez combinadas com óculos
especiais – podem fornecer uma visão telescópica para seus usuários.
A combinação das lentes com os
óculos consegue ampliar 2,8 vezes o tamanho de uma imagem visualizada pelo
usuário.
Filtros polarizadores permitem à
pessoa mudar de uma visão normal para telescópica ajustando o óculos.
Esse sistema de visão telescópica
foi desenvolvido para ajudar pessoas que sofrem com a cegueira provocada pela
idade, mas também pode ter aplicações militares.
A degeneração macular relacionada
à idade é uma das formas mais comuns de cegueira. Ela danifica a mácula, a
parte do olho que lida com o detalhamento da imagem. Quando a mácula se
degenera, a pessoa sofre uma perda na capacidade de reconhecer rostos e de
realizar algumas tarefas, tais como dirigir e ler.
Controle preciso
As lentes de contato criadas
pelos pesquisadores têm uma região central que permite a entrada de luz para
uma visão normal. O elemento telescópico fica em um anel em volta da região
central. Pequenos espelhos de alumínio, montados segundo um padrão específico,
atuam como um aplificador que lança a luz para o anel ao menos quatro vezes
antes de direcioná-la para a retina.
Durante o uso normal, a imagem
ampliada é bloqueada por filtros polarizadores, e por isso não é vista. O usuário
pode ligar o aparelho alterando esses filtros, posicionados no óculos, de forma
que apenas a imagem ampliada é lançada sobre a retina.
Os pesquisadores Joseph Ford, da
Universidade da Califórnia, e Eric Tremblay, da EPFL (Escola Politécnica
Federal de Lausanne), na Suíça, construiram o sistema que filtra a luz
adaptando óculos fabricados usados em televisores 3D.
Sua característica original era
criar um efeito 3D ao bloquear de forma alternada as lentes esquerda e direita.
O protótipo produzido pela equipe
tem oito milímetros de diâmetro, um milímetro de espessura na região central e
1,17 mm no anel ampliador.
"A parte mais difícil do
projeto foi tornar as lentes ‘respiráveis’”, disse Tremblay à BBC. “Se você
quiser usar as lentes por mais de 30 minutos é necessário que elas permitam que
o olho respire".
Segundo ele, a lente deve
permitir a entrada de gases para que a córnea não fique sem oxigênio.
'Encorajador'
A equipe de pesquisadores
resolveu esse problema produzindo lentes com pequenos canais que permitem ao
oxigênio fluir para o olho. Porém, isso tornou o processo de
fabricação das lentes muito mais difícil.
As versões das lentes permeáveis
aos gases devem passar pelos primeiros testes clínicos em novembro, segundo
ele. O objetivo é que portadores de deficiência visual consigam usar o
equipamento o dia inteiro.
O projeto é uma evolução de
tentativas anteriores de resolver o problema. Algumas delas envolviam implantes
de lentes telescópicas e uso de óculos volumosos com estruturas de lentes de
aumento.
Clara Eaglen, gerente de ações de
saúde da organização RNIB, que auxilia pessoas com problemas de visão, afirmou
que a pesquisa é interessante e elogiou o foco em degeneração macular.
"É encorajador que produtos
inovadores como as lentes de contato telescópicas estejam sendo desenvolvidos,
especialmente quando melhoram a visão que sobrou nos pacientes. Qualquer coisa
que ajude a maximizar a visão funcional é muito importante, porque as pessoas
com deficiência readquirem alguma independência e ficam menos isoladas".
As lentes podem porém ser
empregadas em outras áreas. Isso porque a pesquisa está sendo financiada pelo
Darpa, o braço de pesquisas das Forças Armadas dos Estados Unidos.
Analistas dizem que os militares
buscam na iniciativa uma forma de criar uma "super visão" e não
resolver o problema da degeneração macular.
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