Presidente João Belchior Marques Goulart |
O mandato de João Goulart (1919-1976) na Presidência da
República, cassado há 49 anos, foi devolvido simbolicamente pelo Congresso
Nacional nesta quarta-feira (18), em sessão solene. Com a presença da
presidente Dilma Rousseff e de vários ministros, os presidentes do Senado,
Renan Calheiros, e da Câmara dos Deputados, Eduardo Henrique Alves (PMDB-RN)
pediram desculpas à família de Jango pela deposição dele no golpe de Estado que
deu início ao regime militar (1964-1985).
Para Renan Calheiros, o Parlamento brasileiro fez uma
reparação histórica da "inverdade patrocinada pelo Estado contra um
ilustre brasileiro, um nacionalista, patriota e reformista". Eduardo Alves
falou em "oportunidade de resgate da cidadania no seu mais alto
grau". Agradecido, o filho do ex-presidente, João Vicente Goulart, afirmou
que o pai "hoje parte como homem".
Presidente popular
No dia 21 de novembro último, por proposta (PRN 4/2013) dos
senadores Pedro Simon (PMDB-RS) e Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), foi anulada a
sessão de 2 de abril de 1964, na qual o então presidente do Congresso, Auro de
Moura Andrade, declarou vaga a presidência da República, tornando possível o
afastamento de João Goulart do poder, apesar de ele estar em território
nacional, no Rio Grande do Sul.
Pedro Simon afirmou que o ato mostra que agora o Brasil é um
país “libertário e democrático”. Para ele, a devolução do mandato de Jango será
lembrada como um dia “histórico e inédito”, para que a verdade histórica seja
ensinada às gerações futuras. Simon relembrou ainda fatos da passagem de João
Goulart pelo poder e destacou a coragem do ex-presidente ao longo de sua
trajetória política.
Randolfe Rodrigues lembrou a "injustiça' contra o único
presidente que, ao morrer no exílio, não ganhou homenagens de chefe de Estado.
O senador chegou a definir Jango, um campeão de votos, como o presidente mais
popular da história do Brasil.
- João Goulart sempre foi coerente por estar sempre do mesmo
lado: ao lado dos trabalhadores brasileiros – declarou.
Reformas
Depois da exibição de um vídeo sobre João Goulart, produzido
pela TV Senado, e da interpretação do hino nacional pela cantora Fafá de Belém,
foi entregue a réplica do diploma de presidente da República a João Vicente
Goulart, filho de Jango.
João Vicente lembrou que após a sessão histórica que
envergonhou o Legislativo brasileiro -
que havia sido duas vezes presidido por João Goulart - finalmente, "a
democracia venceu". Para ele, o golpe militar não foi contra o pai, mas
contra as reformas de base que Jango pretendia implantar em beneficio dos mais
pobres e de um desenvolvimento econômico mais justo.
Ao comentar o momento político, econômico e social do país
atualmente, João Vicente destacou a necessidade da realização de um plebiscito
para discutir a reforma eleitoral, além de mudanças no sistema tributário e de
mais investimento na educação básica. Ideais defendidos pelo seu pai quando foi
presidente da República.
- A trajetória de Jango se coloca acima dos partidos
políticos, é parte da história brasileira. Sem ódios, nem ressentimentos, Jango
hoje parte como homem. Fica o Jango das reformas de base - afirmou.
Agência Senado
País aguarda
resultado de perícia para confirmar causa da morte
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