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Mas elas seguram bem o guarda-chuva, não?

Unknown fevereiro 14, 2018 0

A F-1 abriu mão das ‘grid girls’, essas garotas que estavam lá somente para serem vistas


Como se sabe, a Liberty Media, a empresa que desde 2016 administra a Fórmula 1, adotou há alguns dias a decisão de não permitir mais a contratação das grid girls, as moças cujo trabalho consistia em segurar um cartaz, uma bandeira ou um guarda-chuva ao lado do carro dos pilotos. Uma função decorativa, nada mais. Os meios de comunicação repercutiram a notícia, e já é notícia que a Fórmula 1 gere uma notícia, e a polêmica se expandiu pelas redes sociais, tão propensas a ampliar as coisas, e para outros fóruns de maior ou menor categoria. Não houve unanimidade, claro, e foram muitos os que criticaram a medida com dureza. Por quê? Ora, porque o feminismo que a tudo invade ganhou outra batalha, diziam uns. Ou porque é um costume já muito arraigado nas corridas, afirmavam outros. Ou porque centenas de garotas vão ficar sem trabalho, lamentavam vários outros, tão solidários.

Ninguém criticou a medida usando um argumento muito mais machista, mas que aparenta ser mais sincero, algo assim como “porque elas são muito atraentes”. Será, pois, que não é esse o motivo de sua presença na pista? Porque, como pode alguém pensar que, ao ver a imagem que ilustra estas linhas, há indivíduos que possam se fixar em algo que não seja o jeito atrevido, o aprumo e a atitude com que as moças seguram os guarda-chuvas? Como se pode crer por um momento que existam pessoas que desviem de tanta graça e deixem de se fixar, vejamos, em alguma das curvas que o instantâneo realça, não precisamente as do circuito?

Nos três dias em que se organiza um grande prêmio de F-1 são realizadas múltiplas atividades nos circuitos. As equipes têm seus recintos particulares, onde os convidados são bajulados e acolhidos com regalos. E também muitas marcas comerciais aproveitam o evento para fazer publicidade. Nesses pavilhões se veem ‘grid girls’ e rapazes recepcionistas, garçons e garçonetes, homens e mulheres que trabalham como guias, ou relações públicas, ou intérpretes. No entanto, o trabalho de segurar um guarda-chuva é exercido com exclusividade por garotas que estão ali somente para serem vistas, que é a razão pela qual existem os modelos. E os modelos são coisas. E as coisas, que fatalidade!, não têm direitos.

Por toda a vida se falou da Fórmula 1 como de um circo, talvez por tudo o que rodeia ambos os espetáculos. Palhaços nas corridas, que se saiba, não há. Ou, pelo menos, que tenham graça. Acrobatas, sim, pois qualquer piloto empreende sua tarefa a 300 quilômetros por hora, o que requer que seja acrobata. E animais, bom, depende. Porque se se trata de colocar alguém no centro da pista e que segure uma bola com o nariz... Mas falávamos de bolas ou de guarda-chuvas?

A Fórmula 1, que até há pouco tempo desprendia um repugnante odor machista, abriu mão da figura da grid girl porque, nas palavras da organização, “essa prática está claramente em desacordo com as normas sociais atuais”. A competição de carros mais importante do mundo entrou, assim, no século XXI. Nunca é tarde. Em contraposição, tão animados na Idade da Pedra se mantêm os responsáveis pelas corridas de motos que não querem nem saber de adotar medida semelhante. Ali também há grid girls, sempre cuidando para que o sol ou a chuva não perturbem a concentração de nossos heróis sobre rodas. A empresa que organiza o Mundial de motos é a Dorna. Na época da disputa, a Prefeitura de Jerez pediu que fosse suprimida a figura das “recepcionistas decorativas”, mas não todas as recepcionistas. A Dorna respondeu que de jeito nenhum, que a imagem daquelas no grid de largada “é absolutamente essencial”. A Dorna é uma empresa espanhola, como o experiente leitor já deve saber. Não se sabe onde está a essencialidade da presença dessas garotas decorativas, mas é certo que a Dorna sabe que se trata de um costume muito arraigado nas corridas, que centenas de moças ficariam sem trabalho e que o espectador só observa, vejam vocês, a imagem, em como as moças seguram bem o guarda-chuva. Para que outras coisas iriam olhar?

Tags: Esporte
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AUTOR


João de Bourbon é Jornalista, Publicitário e Consultor Político. 
Coordenou e participou de diversas campanhas eleitorais, presta consultoria em Marketing Político e é membro da IAPC – International Association of Political Consultants, associação que congrega os melhores profissionais de Marketing Político do mundo.

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