Quim Torra é eleito pelo Parlamento regional por apenas um voto de diferença e promete ser "leal ao mandato para construir um Estado independente em forma de República".
O Parlamento da Catalunha elegeu nesta segunda-feira um novo presidente separatista para o governo regional (Generalitat), Quim Torra. Em suas primeiras declarações, ele prometeu "construir um Estado independente em forma de República", o que indica que o conflito com Madri deve continuar.
A eleição do presidente regional e a formação de um governo abrem caminho para o fim da tutela política imposta após a fracassada proclamação de independência, em 27 de outubro do ano passado, mas as declarações do novo líder já levaram a oposição a exigir que Madri prorrogue a aplicação do artigo 155 da Constituição.
A eleição de Torra encerra os quase cinco meses do impasse político que surgiu após as eleições regionais de 21 de dezembro, quando os partidos independentistas voltaram a ter maioria no Parlamento catalão.
Torra foi indicado por Puigdemont, atualmente refugiado na Alemanha, onde aguarda uma decisão sobre o mandato europeu de prisão emitido pela Justiça espanhola, que aguarda a sua extradição.
O novo líder foi eleito por apenas um voto de diferença, numa segunda rodada de votação. Ele recebeu 66 votos dos dois maiores partidos independentistas, o Juntos Pela Catalunha e o Esquerda Republicana da Catalunha (ERC).
Os 65 votos contrários vieram de deputados das legendas Ciudadanos, Partido Socialista da Catalunha, Partido Popular e o En Comú-Podem.
A abstenção de quatro deputados do pequeno partido independentista de extrema esquerda Candidatura de Unidade Popular (CUP) foi fundamental para que Torra conseguisse atingir maioria simples, após o fracasso na primeira votação, que exigia maioria absoluta, no sábado passado.
Em discurso após a eleição, Torra prometeu ser "leal ao mandato para construir um Estado independente em forma de República". "Todos vão ganhar direitos com a República", afirmou durante a apresentação de seu programa de governo. Ele defendeu uma "nação plena" catalã. "A República é para todos, não interessa em quem se vote."
O novo presidente regional disse que criará um conselho de Estado no exílio com Puigdemont, a quem considera o presidente legítimo da Catalunha. Ele defendeu a criação de uma Assembleia Constituinte para a elaboração de uma nova Constituição da futura República catalã.
Rajoy quer "entendimento e concórdia" com Torra
Torra, de 55 anos, é uma das figuras menos conhecidas do movimento pela independência. Em 2015 dirigiu durante vários meses a poderosa associação cívica separatista Omnium Cultural.
Ele entrou na política em dezembro do ano passado, quando foi eleito deputado regional pelo Juntos pela Catalunha de Puigdemont, que tem por base deputados que pertencem ao Partido Democrático e Europeu da Catalunha (PDeCAT) e personalidades independentes.
O presidente do governo da Espanha, Mariano Rajoy, disse estar disposto a manter uma relação de "entendimento e concórdia" com o novo governo catalão, desde que ele obedeça as leis e a Constituição espanhola.
Rajoy disse que não gostou das palavras que têm ouvido de Torra, mas que não o julgará por elas, mas pelas atitudes que tomar a partir de agora. Ele fez um pedido para que haja contenção, tranquilidade e para que se "ponha de lado a ansiedade".
Através do Twitter, Puigdemont parabenizou Torra pela eleição, afirmado que ocorreu "em boa hora". "Cultura e liberdade, república e democracia. Todo o meu afeto e apoio, com um agradecimento imenso. Viva a Catalunha!", afirmou o ex-presidente da Generalitat.
RC/lusa/efe
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