A recessão, a lenta retomada econômica e o fraco dinamismo estão fazendo o Brasil perder rapidamente o posto de um dos maiores destinos de investimentos externos diretos do mundo. Uma reportagem em destaque no jornal econômico francês Les Echos mostra que o país “perdeu a sua aura” junto aos investidores estrangeiros de longo prazo: pela primeira vez, o país não aparece na lista dos 25 mais atrativos do mundo, conforme a consultoria AT Kearney.
Os sinais desse abandono progressivo já vêm desde o ano passado, quando os investimentos diretos caíram 12%, segundo dados da ONU citados pela publicação francesa. A queda representou US$ 59 bilhões a menos na economia brasileira.
Os números são contestados pelo governo brasileiro, que adota uma metodologia diferente, indica o Les Echos. Para Brasília, o fluxo de investimentos diretos se mantém estável, em 5% do PIB.
Mas a reportagem lembra que, no último ano, diversas multinacionais decidiram sair do país, seja por “mudanças na estratégia global ou pela conjuntura econômica desfavorável”. Foi o caso da gigante do varejo Walmart e da peso-pesado da indústria farmacêutica Eli Lilly, além da construtora Ford, que fechou uma indústria de caminhões, entre outros exemplos recentes.
Mercado lucrativo, apesar de turbulências
“‘O Brasil não é para amadores’, dizia o pai da bossa nova Tom Jobim. É preciso persistir”, destaca o texto, assinado pelo correspondente em São Paulo, Thierry Ogier. “Para aqueles que conseguem se adaptar às regras do jogo, a partida vale a pena, porque o maior mercado latino-americano continua muito lucrativo”, ressalta Les Echos.
A reportagem também chama a atenção para as manifestações em favor do governo do presidente Jair Bolsonaro e destaca o quanto é raro a população ir às ruas para apoiar uma reforma da Previdência, que costuma ser muito impopular. Mas a matéria chama a atenção para o fato de que, entre os manifestantes, havia “radicais” que defendem o fechamento do Congresso, acusado de barrar as iniciativas do Planalto, assim como o STF.
Queda do PIB
Les Echos observa que o governo tem pressa para aprovar a reforma, ainda mais depois dos últimos dados sobre o PIB brasileiro, que mostraram a contração de 0,2% no primeiro trimestre. É a primeira vez que o PIB cai desde 2016, o que acende o sinal vermelho para a volta da recessão.
O texto lembra que o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou que não aceitaria uma “reforminha” e ameaçou deixar o cargo e ir morar no exterior se as medidas não forem aprovadas. O projeto de Guedes visa uma economia de R$ 1,2 trilhão em 10 anos, com as mudanças nas regras de aposentadorias no Brasil.
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