O Brasil é o país da demanda reprimida. Com medo da inflação, os governos sempre mantiveram controle sobre os gastos. Não os gastos oficiais, os seus gastos, que são verdadeira farra nos três Poderes. Mas as despesas das famílias, do cidadão. Esse controle se faz da forma mais perversa: aumentando as taxas de juros, restringindo o crédito. Esvaziando as lojas.
Juros altos só beneficiam banqueiros, inibem o crescimento do comercio e da indústria e mantêm o povo no limite. Rédeas curtas para o consumo. Somos assim; ao mesmo tempo em que sofremos uma demanda reprimida também somos o povo do “sub”: subemprego e subconsumo. A política econômica do governo é a renegação do capitalismo moderno, que preconiza a liberdade de gastar.
Os acadêmicos de Economia ignoram o conceito de liquidez da moeda corrente. Dinheiro e credito na mão do povo significam mais carrinhos cheios no super mercado, que emprega mais gente; gente que gasta na loja da esquina, que precisa de mais um balconista; balconista que é o novo candidato à compra de uma moto e que alimenta o sonho do apartamento, que vai adquirir a três anos, ou antes.
Por que estamos dizendo isto? Porque uma pesquisa concluída dias atrás, sobre o crescimento do consumo, leva os técnicos a inferir que o governo terá de segurar a demanda. E certamente o fará através de medidas restritivas. Tudo indica que, no primeiro trimestre, o crescimento mantenha a mesma toada do ano passado. Mas há quem diga que estaria hoje ao redor de 13% ao ano, similar ao chinês. De janeiro a março, a demanda doméstica da China cresceu 13,1%. Por isso, nas últimas semanas, muitas instituições revisaram para 7% a projeção de crescimento do PIB em 2010. Antes, trabalhavam com uma expansão de 5% a 5,5% da economia.
Não é brincadeira. Serão despejados na economia este ano R$ 244 bilhões a mais em consumo e investimento. As famílias vão consumir R$ 141 bilhões a mais, a administração publica vai elevar os gastos em R$ 34 bilhões, e a empresas vão investir R$ 68 bilhões mais. Um cenário positivo, mas com todas as condições para acelerar a inflação. Que ela seja evitada sem que o País tenha que recorrer às medidas “anestésicas”.
João Bourbon. Falando francamente
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