Para a entidade, o associativismo é a melhor solução para ampliar a oferta de cafés especiais na região
Cafeicultores do norte pioneiro do Paraná, dos municípios de Abatiá e Ribeirão Claro, reúnem-se em associações para melhorar a qualidade e a comercialização dos cafés. O objetivo desses núcleos, que são ligados à Associação de Cafés Especiais do Norte Pioneiro do Paraná (ACENPP), é ampliar a oferta de cafés especiais na região e solucionar questões específicas de cada uma das localidades.
A Associação de Produtores de Cafés Especiais de Ribeirão Claro (PACE) conta com 19 associados. Nos dois municípios, além do apoio do Sebrae/PR, as respectivas prefeituras e o Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) assistem as associações com o fornecimento de auxílio técnico para a produção do café.
Para o consultor do Sebrae/PR em Jacarezinho e gestor do Programa Cafés Especiais do Norte Pioneiro, Odemir Capello, o associativismo é o caminho para garantir a sobrevivência do produtor. “O associativismo viabiliza maior participação, reúne o volume necessário para negociar melhor a venda e cria espaços de diálogo entre a sociedade organizada e o poder público. Também facilita a conquista de novos mercados, o enfrentamento da concorrência, a ampliação da participação no mercado e o acesso a tecnologia”, destaca.
Odemir Capello diz ainda que o Sebrae/PR incentiva a melhoria da gestão das propriedades, a formação e estruturação dos grupos. “Nos grupos, incentivamos tanto a melhoria do processo produtivo quanto a orientação para compra e venda conjunta. Além disso, é feito um trabalho de assistência técnica que orienta o uso de tecnologia para o aumento da produtividade, fertilidade, qualidade, dentre outros”, frisa.
O especialista em planejamento estratégico, Alcione Marques Fernandes, contratado pelo Sebrae/PR para auxiliar na organização dos produtores nas duas cidades, cita alguns benefícios do associativismo. “Mais importante que facilitar as formas de comercialização, as associações são ambientes propícios para a discussão da melhoria dos setores. Possibilitam a troca de informações, realização de cursos, parcerias, participação em eventos, por exemplo. A busca pela qualidade envolve uma série de fatores que precisam ser trabalhados um a um”, ensina.
O cafeicultor e presidente da Associação Agropecuária do Paraná (ASA), sediada em Abatiá, Ronaldo Casado Figueiredo, conta que a entidade reúne 25 produtores de café. Dentre os resultados alcançados, enumera ele, estão a aquisição de uma máquina de beneficiamento de café ambulante, a instalação de um laboratório para degustação de café, local para armazenagem do produto e a futura formalização de uma central de negócios, que já está viabilizando a compra conjunta de defensivos e outros itens utilizados pelos associados.
“A ACENPP é o gestor do Programa, traça as metas e objetivos a serem atingidos e repassa as decisões para a ASA. Além disso, a ASA tem o objetivo de incentivar a produção de café especial na cidade e solucionar questões municipais ligadas à produção. Por meio da Associação, já efetuamos duas compras conjuntas que geraram uma economia de 20%, na aquisição de defensivos e 30% na compra de adubo. Agora, estudamos efetuar vendas conjuntas. Essa operação deve nos dar uma rentabilidade de 30%”, detalha o presidente.
Para Ronaldo Figueiredo, a conscientização do produtor de café para a importância do associativismo e da necessidade de se investir em qualidade ainda são os grandes desafios da atividade na região. “É preciso mudar o conceito, pois a tecnologia existe, o incentivo existe e a demanda existe. Também é necessário se adequar ao mercado, atender a demanda, abrir a porteira e aprender como produzir com mais qualidade. O trabalho associativo está sendo muito bem feito. As parcerias auxiliam bastante o desenvolvimento da cafeicultura. É hora do agricultor se abrir e receber essa ajuda. A ASA e a ACENPP têm tecnologia e conhecimento para passar ao produtor”, salienta Ronaldo Figueiredo.
Luiz Fernando de Andrade Leite, presidente da ACENPP, conta que a intenção da Associação é provocar uma mudança de comportamento nos produtores de maneira que eles enxerguem a necessidade de profissionalizar sua atividade. “Em Abatiá e Ribeirão Claro, a maioria dos associados já pertence à ACENPP. Dessa forma, conseguimos atender as necessidades locais dos produtores. Hoje é necessário ter tecnologia de produção, reduzir custos e vender melhor. O associativismo é extremamente importante para efetuar compras e vendas conjuntas. Unidos conseguimos reduzir os custos e ficar muito mais competitivo”, explica Andrade Leite.
ACENPP
A ACENPP foi fundada em 25 de março de 2008 para atender aos objetivos do Programa Cafés Especiais do Norte do Paraná. No ano passado, os 109 associados da ACENPP produziram 58 mil sacas de café e exportaram 6 mil delas. A sede da Associação fica em Santo Antônio da Platina, no Paraná.
Programa Cafés Especiais
O Programa Cafés Especiais do Norte do Paraná surgiu em 2006 e resulta da articulação do Sebrae/PR, Sistema Federação da Agricultura do Estado do Paraná (FAEP) e Emater. Foi desenvolvido para estimular a produção de cafés com atributos únicos, divulgar o nome da região como área tradicional na produção de cafés de excelente qualidade e organizar os cafeicultores de forma a proporcionar melhores condições de produção e comercialização dos grãos por meio do associativismo, técnicas de gestão de propriedades, certificação, inovação tecnológica e marca territorial.
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