Nós tivemos recentemente a Copa das Confederações, há menos de um mês. E
fomos capazes de abrir novos estádios como com os protestos ocorrendo, ao mesmo
tempo"
Gilberto Gil
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O cantor e compositor Gilberto Gil disse à BBC que a
convivência com protestos de rua "deve prevalecer" durante a Copa
2014 e a Olimpíada 2016 e que os dois megaeventos esportivos transcorrerão de
forma pacífica.
"Nós tivemos recentemente a Copa das Confederações, há
menos de um mês. E fomos capazes de abrir novos estádios com os protestos
ocorrendo, ao mesmo tempo, a poucas ruas de distância. Acho que isso irá
prevalecer também durante a Copa e as Olimpíadas."
Perguntado em seguida se os dois eventos transcorreriam de
forma pacífica, Gil responde: "Acredito que sim".
As declarações de Gil foram dadas a um dos principais
programas de notícias e análise da Grã-Bretanha, o Newsnight, do canal de TV
BBC 2.
'Não deveria'
Gil disse ver as manifestações no Brasil como consequência
natural do que vem ocorrendo globalmente, como pessoas tendo mais acesso a
informação e mais possibilidades de agir politicamente.
"O novo elemento são as novas tecnologias", disse
o ex-ministro da Cultura na entrevista, realizada durante a edição deste ano do
festival de world music Womad, em Charlton, ao oeste de Londres, na semana
passada.
Para Gil, os protestos resultam de "insatisfações
acumuladas há muito tempo" por causa das despesas com a organização da
Copa do Mundo e dos Jogos Olímpicos.
O músico disse não estar surpreso com os protestos. E,
diante da afirmação do jornalista da BBC de que o mundo ficou surpreso com as
imagens que vinham do Brasil, o compositor rebateu: "Não deveria".
Mostrando cenas de um novo documentário sobre Gil,
Viramundo, dirigido pelo diretor suíço Pierre-Yves Borgeaud, a reportagem de
mais de cinco minutos destacou que o compositor defendeu reformas sociais e vem
sendo ativista político desde o início da carreira.
Música
global
O programa lembrou que Gil foi preso pela ditadura militar
nos anos 60, morou em Londres em um autoexílio e que foi nomeado "ministro
da Cultura no governo de centro-esquerda de Luiz Inácio Lula da Silva" em
2003.
Gil disse ser duro ter que lidar com questões de Estado
enquanto se exerce um cargo público.
A reportagem terminou se referindo a Gil como uma estrela da
música global comparável a Bob Marley. Gil disse que ser associado à chamada
World Music não é ruim, porque é positivo supor que "o mundo compartilha
uma música global".
Gil disse ainda que pretende continuar compondo e fazendo
shows até seus últimos dias.
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