Em entrevista ao
jornal "Bild", ex-jogador chama de "vergonha" preparativos para o Mundial e
reitera que futebol nada tem a ver com política. No campo esportivo, coloca a
Alemanha entre os favoritos ao título.
"É inaceitável que alguns estádios da Copa ainda
não estejam prontos. Tivemos muitos anos para nos preparar – mais do que o
necessário. Isso é uma vergonha!". Foram essas as palavras de Pelé, em
entrevista publicada pelo tabloide alemão Bild, nesta segunda-feira
(19/05). O ex-jogador de 71 anos voltou a polemizar com comentários sobre os
protestos e colocou a Alemanha entre os favoritos para o título mundial.
A 25 dias do pontapé inicial da Copa, o Rei do
Futebol se mostrou irritado com o atraso nas obras dos estádios, mas também com
o desenvolvimento do país: "Estou animado para os jogos, mas quando penso no que
foi feito no entorno da Copa, me preocupo e me sinto frustrado. Uma grande
chance foi desperdiçada."
Na entrevista, o Bild chama a partida de
abertura entre Brasil e Croácia, no dia 12 de junho, como o "jogo topless", já
que depois da queda de um guindaste, em novembro do ano passado, parte do
telhado do estádio do Corinthians foi danificado e não será reconstruído a tempo
para o Mundial. Na ocasião, dois operários morreram e Pelé polemizou: "O que
aconteceu no Itaquerão é normal, coisas da vida. Pode acontecer."
Em resposta, a Associação Nacional de Medicina do
Trabalho (ANAMT) divulgou uma nota na época declarando que Pelé "banaliza as
vidas perdidas em decorrência de acidentes de trabalho nas obras da Copa ".
Canteiros de obra são responsáveis pela segunda maior quantidade de mortes em
ambiente de trabalho no Brasil. Segundo levantamento da Previdência Social, 177
operários perderam a vida no ano passado.
A queda de um guindaste
matou
dois operários na Arena São
Paulo.
"Coisas da vida", segundo
Pelé
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Com os custos da Copa beirando os 30 bilhões de
reais, a população brasileira resolveu usar a Copa das Confederações, em 2013,
como plataforma para protestar e reivindicar melhorias na educação, saúde,
segurança e transporte. Na época, Pelé já havia se mostrado incomodado com o
movimento popular e chegou a pedir ao povo que "proteste apenas depois da
Copa".
Ao Bild, quase um ano depois, ele manteve
a sua posição: "Compreendo as pessoas e as apoio, desde que os protestos sejam
pacíficos. Mas os protestos não vão influenciar a Seleção. A corrupção na
política em nada tem a ver com o futebol", disse o Rei do Futebol, que,
estima-se, deve lucrar até 58 milhões de reais com contratos publicitários
relacionados à Copa.
No começo deste ano, Pelé já havia pedido que o
povo brasileiro separe política do futebol. "O futebol sempre promoveu o Brasil.
Agora temos três eventos: a Copa das Confederações, a Copa do Mundo e as
Olimpíadas. O país pode encher de turista e receber todo o benefício desse
turista. E o próprio brasileiro fica estragando uma festa dessas. O futebol só
traz divisas e só traz benefício para o Brasil."
Ao menos no campo esportivo Pelé não polemizou na
entrevista desta segunda-feira ao Bild: "Espero que a Seleção aproveite
o fator casa. Da Europa, Espanha e Alemanha são as melhores equipes. Há alguns
anos a Espanha tem uma equipe top. A Alemanha é muito bem organizada e joga
ofensivamente. Quase mais brasileira do que a gente!"
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